Cientista preso por tráfico diz que foi enganado por uma falsa miss

Ele está preso na Argentina, onde foi processado por tráfico de drogas.

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Um renomado cientista britânico, preso ao tentar embarcar no aeroporto de Buenos Aires com 2 kg de cocaína na mala, alega ter sido enganado por uma quadrilha que se fez passar por uma "ex-miss mundial do biquíni" em um site de relacionamentos.

Paul Frampton, 68 anos, formado em Oxford e residente nos Estados Unidos, onde dá aulas na Universidade da Carolina do Norte, é reconhecido internacionalmente por seu trabalho na área da física e da astronomia. Ele está preso na Argentina, onde foi processado por tráfico de drogas.

Frampton foi detido no dia 23 de janeiro no aeroporto internacional de Ezeiza, de Buenos Aires, depois que cães farejadores detectaram a cocaína, embrulhada em papel de presente na mala que havia despachado no voo que o levaria de volta aos Estados Unidos. Segundo o cientista, a mala pertencia à suposta miss.

De acordo com a versão de Frampton, divulgada recentemente pelo jornal Clarín, ele conheceu a "miss" através do site de relacionamentos mate1.com e, durante 11 semanas, conversou com ela pela internet. Em todo esse tempo, o cientista pensava estar conversando com a modelo Denise Milani, nascida na República Checa, que em 2007 ganhou o título de "Miss Bikini World".

"Eu tinha certeza de que conversava com ela, mas após algumas semanas na prisão entendi que poderia ter sido um homem (passando-se por ela)", disse. Segundo a imprensa local, não há provas sobre a participação da miss biquíni no esquema e especula-se que sua imagem possa ter sido usada por alguma quadrilha.

A ex-mulher do físico, Annie Marie, disse que ele é "emocionalmente uma pessoa de 3 anos" e que "só entende de ciências e não de questões de relações humanas".

Encontro

A pessoa que se fazia passar pela ex-miss, segundo Frampton, teria lhe falado estar "cansada de ser modelo fotográfica" e que gostava de homens mais velhos. Pela internet, os dois marcaram um encontro em La Paz, na Bolívia. De acordo com Frampton, a suposta modelo teria dito ainda que tinha dinheiro e lhe enviou as passagens para o encontro.

Na data marcada, a mulher não apareceu. No entanto, segundo o cientista, um homem foi ao local marcado e lhe entregou uma mala que pertenceria à suposta ex-miss e que deveria ser entregue em um próximo encontro. Frampton permaneceu dez dias em La Paz, e depois seguiu para Buenos Aires, onde receberia uma passagem para Bruxelas, onde a mulher o esperaria.

O cientista ficou três dias no aeroporto de Ezeiza, esperando a passagem. Ele contou que seus amigos o alertaram que a história já estava complicada demais e lhe mandaram a passagem de volta para a Carolina do Norte, nos Estados Unidos, onde residia e trabalhava. Acabou sendo detido ao tentar embarcar.

Frampton disse que foi alertado por amigos de que poderia estar caindo em uma "armadilha", mas afirmou ter o hábito de levar seus projetos até o fim. "Quando cheguei a La Paz e ela não estava, eu deveria ter percebido algo estranho e voltado para casa. Mas ela era meu projeto e costumo levar meus projetos até o fim", afirmou em entrevista ao Clarín.

Assessores de imprensa do Serviço Penitenciário Federal Argentino (SPF) disseram à BBC Brasil que Frampton pode ficar até dois anos preso antes de ser ouvido pela Justiça. "O caso dele está na etapa inicial, na qual o juiz reúne informações sobre o que ocorreu e determina se ele irá a julgamento ou se será liberado por falta de provas que o comprometam", afirmaram.

"Ele compartilha cela com outros presos num pavilhão onde estão os detentos com bom comportamento", informaram. A condenação por tráfico pode resultar em uma pena de três a oito anos de prisão.

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