A China registrou crescimento econômico recorde de 18,3% no primeiro trimestre de 2021, em relação ao mesmo período do ano passado. Esse resultado foi puxado principalmente pelo fato de a pandemia ter parado as atividades neste período de 2020.
Pesquisa da Reuters mostra que a alta do Produto Interno Bruto (PIB) ficou abaixo da expectativa do mercado de 19%. No entanto, os dados oficiais mostram que essa foi o maior salto desde que começaram a serem feitos os registros por trimestre, em 1992.
O PIB chinês no primeiro trimestre de 2020 havia caído 6,8%, o pior resultado econômico em 44 anos.
Em 2020, o país foi um dos poucos que registrou crescimento econômico, com alta de 2,3% no PIB.
Recuperada do impacto da pandemia, a China projeta um crescimento de pelo menos 6% este ano (dado mais modesto que as previsões dos economistas). O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um aumento de 8,4% do PIB da segunda maior economia mundial.
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"A conclusão é que, com a economia já acima de sua tendência pré-vírus e o suporte sendo retirado, a recuperação da China pós-Covid está se nivelando", disse Julian Evans-Pritchard, economista sênior da Capital Economics. "Esperamos que o crescimento trimestral permaneça modesto durante o resto do ano conforme o recente boom na construção e nas exportações perca força, levando a atividade de volta à tendência."
Bolsa da China fecha em alta
As ações da China fecharam em alta nesta sexta-feira, com os investidores comemorando o crescimento robusto do PIB local, embora as preocupações persistentes com o aperto da política monetária tenham levado a uma perda semanal.
O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 0,4%, enquanto o índice de Xangai teve alta de 0,8%.
'Recuperação desigual'
O bom resultado se deve principalmente à base de comparação com o início de 2020, quando a economia chinesas estava paralisada pelo vírus, admitiu a porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas, Liu Aihua.
O resultado oficial do PIB da China provoca muito interesse pelo peso do país na economia global.
"As exportações foram o principal motor do crescimento no primeiro trimestre", em particular de produtos eletrônicos (para o teletrabalho) e de equipamentos médicos aos Estados Unidos e à União Europeia, explicou à AFP o economista Rajiv Biswas, do IHS Markit.
Em março, as exportações chinesas permaneceram sólidas (+30,6% em ritmo anual), quando grande parte do mundo ainda estava muito afetado pela pandemia.
"Mas a recuperação continua sendo desigual, com o consumo das famílias em queda devido ao desemprego", destacou recentemente o analista Qu Hongbin, do banco HSBC.
As vendas no varejo, principal indicador do consumo, subiram 34,2% em ritmo anual em março, contra 33,8% de janeiro-fevereiro (único dado disponível).
Mas alguns setores encontram dificuldades para retomar o nível pré-pandemia, como o transporte aéreo e ferroviário, que alcançam 60% no máximo de suas capacidades.
"A recuperação total do consumo das famílias depende da campanha de vacinação e de uma melhora do mercado de trabalho", afirmou o analista da Oxford Economics Louis Kuijs.
A taxa de desemprego, calculada apenas para as zonas urbanas, foi de 5,3% em março, depois de atingir o máximo histórico de 6,2% em fevereiro de 2020 devido à pandemia.
Mas o quadro está incompleto: o desemprego não leva em consideração os quase 300 milhões de trabalhadores de origem rural, que foram muito afetados no ano passado pela epidemia.
A produção industrial chinesa progrediu em março 14,1% em ritmo anual, contra 35,1% de janeiro e fevereiro em conjunto (único dado disponível).
Os investimentos em capital fixo registraram crescimento de 25,6% desde o início do ano e até março.