A China rejeitou a existência de negociações comerciais com os Estados Unidos e exigiu o fim de todas as tarifas unilaterais, em um momento em que o presidente Donald Trump vinha suavizando o discurso em relação a Pequim. As declarações vieram nesta quinta-feira (17), em coletiva do porta-voz do Ministério do Comércio chinês, He Yadong, em Pequim.
“Os EUA devem remover completamente todas as tarifas unilaterais impostas à China, se realmente quiserem resolver o problema”, disse o porta-voz.
A fala provocou reações imediatas no mercado, com quedas nas bolsas após o posicionamento firme de Pequim. He Yadong também classificou como “infundadas” as notícias de que haveria avanços no diálogo entre os dois países.
Tarifas em foco
A China respondeu às recentes declarações de Trump, que sugeriu a possibilidade de reduzir tarifas que chegam a 145% sobre produtos chineses, afirmando que apenas ações concretas e demonstrações de respeito poderiam abrir espaço para uma retomada nas conversas.
Segundo informações da Bloomberg, Xi Jinping tem evitado contatos diretos com Trump, que busca nomear um interlocutor oficial para avançar com as tratativas. Entre as condições chinesas para retomar o diálogo estão:
Fim das sanções comerciais;
Respeito à política de “Uma Só China” em relação a Taiwan;
Nomeação de um negociador fixo e consistente por parte dos EUA.
Impactos geopolíticos e militares
O Ministério da Defesa da China também se manifestou, atribuindo às “visões tendenciosas de indivíduos nos EUA” a falta de progresso no engajamento entre as forças armadas dos dois países. A tensão comercial, portanto, atinge também o campo da segurança.
Risco global e estímulos internos
Durante o encontro do G20 em Washington, o presidente do Banco Popular da China, Pan Gongsheng, alertou para os riscos globais do atual impasse comercial:
“Todas as partes devem fazer esforços para evitar uma economia global de alta fricção e baixa confiança.”
Pan está nos EUA como parte da delegação chinesa que participa das reuniões do FMI e Banco Mundial, junto a representantes da União Europeia e outros países do G20. Ainda não há confirmação de reuniões bilaterais com os EUA.
Com o setor exportador respondendo por cerca de 40% do crescimento do PIB chinês no 1º trimestre, o Politburo deve se reunir nos próximos dias para avaliar a necessidade de estímulos. No entanto, especialistas acreditam que Pequim ainda tem margem para aguardar, já que a economia cresceu 5,4% no trimestre — acima da meta anual de 5%.
“É mais fácil Trump voltar atrás nas tarifas do que a China recuar em um anúncio de estímulo”, afirmou o economista Larry Hu, do Macquarie Group.