Após quase duas semanas de confrontos, o Irã declarou nesta terça-feira (24) o fim do conflito com Israel. Segundo o presidente iraniano Masoud Pezeshkian, a trégua representa uma “grande vitória” para o país, que teria apenas reagido a uma guerra “imposta por Israel”. O cessar-fogo foi confirmado horas antes por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, com apoio da diplomacia do Catar.
A ofensiva havia escalado nos últimos dias, com ataques do Irã à base americana de Al-Udeid, no Catar, em resposta ao bombardeio de instalações nucleares iranianas por parte dos EUA no sábado (21). Apesar do anúncio da trégua, o clima ainda é de instabilidade na região.
O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo iraniano, declarou que a “nação iraniana não se rende” e advertiu que Israel e Estados Unidos devem “aprender com os golpes esmagadores”.
Trégua sob incerteza
O cessar-fogo teve início por volta da 1h (horário de Brasília), mas relatos de ataques esporádicos e acusações de violações colocaram o acordo em xeque nas primeiras horas. Trump se disse “insatisfeito com os dois lados” e criticou o governo israelense por manter ações militares. “Israel tem de se acalmar. Se continuar, será uma grande violação”, afirmou.
Mesmo com o fim formal das hostilidades, o Irã manteve o alerta e só deve reabrir totalmente o espaço aéreo nas próximas horas. O site FlightRadar 24 confirmou que alguns voos já operavam com permissão especial, sinalizando uma retomada gradual.
Israel muda foco para Gaza
Do lado israelense, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Eyal Zamir, confirmou a suspensão dos ataques ao Irã, mas avisou que a guerra não acabou. “Encerramos um capítulo significativo”, declarou, reforçando que os esforços agora se voltam para a Faixa de Gaza, onde Israel enfrenta o grupo Hamas desde outubro de 2023.
“Nosso foco agora é resgatar os reféns e desmantelar o regime do Hamas”, afirmou Zamir.
Israel retomou os bombardeios sobre Gaza em março, após breve trégua, mas a crise humanitária se agravou. Apesar da liberação de ajuda, há relatos de escassez, filas e conflitos em pontos de distribuição de alimentos.
EUA e Catar costuram acordo
A mediação da trégua teve papel central dos EUA e do Catar. Segundo a Reuters, o acordo foi selado após conversas entre Trump e o premiê israelense Benjamin Netanyahu. Paralelamente, autoridades do Catar negociaram com o governo iraniano, com participação ativa do vice-presidente americano J.D. Vance, do secretário de Estado Marco Rubio e do enviado especial Steve Witkoff.
O Irã teria concordado com o cessar-fogo sob a condição de que novos ataques não fossem realizados por Israel.
Mesmo com a trégua em vigor, a situação permanece volátil e o cenário geopolítico na região segue sob forte tensão.