Pela primeira vez, a fome foi oficialmente confirmada na Cidade de Gaza. O relatório foi divulgado nesta sexta-feira (22/08) pela Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês), órgão apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU), responsável por monitorar a insegurança alimentar no mundo. Segundo especialistas, 500 mil pessoas enfrentam condições “catastróficas”, caracterizadas por fome extrema, miséria e risco elevado de morte.
De acordo com a rede britânica BBC, a análise elevou a região para a fase cinco da escala internacional, considerado o nível mais alto e grave da insegurança alimentar aguda. Essa avaliação, confirma que a fome atinge a província de Gaza, que inclui a Cidade de Gaza, três municípios vizinhos e diversos campos de refugiados, abrangendo cerca de 20% do território da Faixa.
Além disso, o relatório projeta que a crise deve se expandir para as regiões de Deir al-Balah e Khan Younis até o fim de setembro. Apesar do IPC não declarar formalmente a ocorrência de uma fome, as avaliações funcionam como base para que governos e agências humanitárias emitam comunicados oficiais.
2 milhões lutando contra a fome severa
Ainda de acordo com o IPC, com raras exceções o restante da população total de 2 milhões de pessoas de Gaza também estava lutando contra a fome severa. Para o grupo, a crise de fome foi impulsionada por uma combinação de fatores: a intensificação do conflito, as severas restrições israelenses à ajuda, o colapso dos sistemas de saúde e saneamento, a destruição da agricultura local e o crescente número de vezes que as pessoas foram forçadas a fugir para novos abrigos.
Segundo o jornal britânico Guardian, para que a fome seja reconhecida oficialmente há três critérios rigorosos que precisam ser atendidos, conforme os parâmetros internacionais: pelo menos 20% dos domicílios devem enfrentar extrema falta de alimentos, 30% das crianças precisam apresentar sinais de desnutrição aguda e duas pessoas a cada 10 mil devem morrer diariamente em decorrência de inanição.
O IPC diz que esses critérios foram cumpridos em Gaza, após 22 meses de guerra entre Israel e o Hamas. Além dos 500 mil em situação de fome, outros 1,07 milhão de palestinos, praticamente mais da metade da população do enclave, já se encontram em níveis de “emergência alimentar”, o que representa a
segunda categoria mais grave da escala.