Os cardeais da Igreja Católica que estão em Roma iniciaram às 9h30 (5h30 no horário de Brasília) desta segunda-feira (11) a última congregação geral antes do início do conclave que elegerá o novo Papa. Durante toda a semana passada, os cardeais fizeram reuniões para discutir temas da Igreja e decidir detalhes sobre o conclave ? como a data de seu início. A reunião desta manhã, a décima, será a última. Depois dela, os cardeais só irão se reunir novamente de maneira oficial durante a missa ?pro eligendo romano pontífice?, que abrirá o primeiro dia do conclave.
Segundo o Vaticano, diversos cardeais se inscreveram para poder falar aos colegas na reunião desta manhã. Até o último sábado (9), mais de 100 intervenções já haviam sido feitas. Participam das congregações os cardeais eleitores ? que são 115, todos com menos de 80 anos até a data de início da Sé Vacante, iniciada no dia 28 de fevereiro, com a saída de Bento XVI ? e outros mais velhos, que podem atuar nesse período antes da eleição como conselheiros.
Na tarde desta segunda, às 17h30 (13h30 no horário de Brasília), será realizado na Capela Paulina, dentro do Vaticano, o juramento das pessoas que irão trabalhar de alguma forma na área onde será realizada o conclave ? funcionários do Vaticano que trabalharão na segurança, alimentação e auxílio aos cardeais, tanto material quanto espiritual. Os cardeais terão padres à disposição para confissão, assim como médicos. O juramento será feito perante o cardeal camerlengo, o italiano Tarcisio Bertone.
Na manhã de terça-feira (12), serão realizados os primeiros ritos do conclave. A partir das 7h (3h no horário de Brasília), os cardeais começam a se transferir para a Casa Santa Marta, onde ficarão hospedados. Cada um terá seu quarto ? os aposentos foram definidos por um sorteio.
Às 10h (6h no horário de Brasília), será realizada na Basílica de São Pedro a missa inaugural do conclave. Ela será aberta a todos e presidida pelo cardeal decano, o italiano Angelo Sodano.
No primeiro dia de conclave, está prevista apenas uma votação. Segundo o Vaticano, os cardeais devem seguir às 15h45 (11h45 no horário de Brasília) para o palácio apostólico. Depois, às 16h30 (12h30 no horário de Brasília), seguirão em procissão da Capela Paulina para a Capela Sistina. Às 16h45 (12h45 no horário de Brasília), já na Capela Sistina, será feito o juramento, seguido do fechamento da capela e saída das pessoas que não participarão do conclave. Em seguida, começam as votações.
O cronograma prevê que os cardeais concluam os trabalhos às 19h15 (15h15 no horário de Brasília), retornando para a Casa Santa Marta às 19h30 (13h no horário de Brasília). Às 20h (16h no horário de Brasília), será servido o jantar.
No dia seguinte, o café da manha será servido entre 6h30 e 7h30 (2h30 e 3h30 no horário de Brasília). Às 7h45 (3h no horário de Brasília), os cardeais irão para o palácio apostólico, onde das 8h15 as 9h15 (4h15 e 5h15 no horário de Brasília) será celebrada a Santa Missa na Capela Paulina.
Às 9h30 (5h30 no horário de Brasília), os cardeais seguem para a Capela Sistina e começa o primeiro escrutínio, como são chamadas as votações. Às 12h30 (8h30 no horário de Brasília) está prevista a volta para a Casa Santa Marta, com o almoço às 13h (9h no horário de Brasília).
Durante a tarde, às 16h (12h no horário de Brasília), eles voltam novamente para a Capela Sistina para as votações da tarde. Os trabalhos devem seguir até 19h15 (15h15 no horário de Brasília), como no primeiro dia.
Segundo o Vaticano, serão feitas duas votações pela manhã e duas à tarde, até um dos candidatos conseguir mais de dois terços dos votos. As cédulas serão queimadas apenas uma vez por período, e espera-se que a fumaça seja expelida pela chaminé da Capela Sistina às 12h e às 19h (8h e 15h no horário de Brasília).
Caso as votações se prolonguem, e não se resolvam nos primeiros quatro dias, estão previstos intervalos para reflexão e oração dos cardeais. Segundo o Vaticano, podem ocorrer até 34 votações, compreendendo 11 dias. Se ninguém conseguir dois terços dos votos, os cardeais passam a poder votar apenas nos dois mais votados anteriormente ? e esses dois deixam de poder votar.
Brasileiros
Cinco brasileiros irão participar do conclave: o arcebispo emérito de São Paulo, Dom Claudio Hummes, de 78 anos, Dom João Braz de Aviz, de 65, o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, de 63, Dom Geraldo Majella Agnelo, cardeal arcebispo emérito de Salvador, e o arcebispo de Aparecida e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno.
Neste domingo, alguns cardeais celebraram missas nas igrejas das quais são titulares em Roma. Dom Odilo celebrou uma missa às 10h30 na Igreja de Santo André no Quirinal, acompanhada por dezenas de jornalistas.
Realizada no quarto domingo do período da Quaresma, que precede a Páscoa, o assunto geral dos textos lidos e também do sermão feito por Dom Odilo foi a misericórdia e a reconciliação com Deus. O cardeal brasileiro estava sereno e tranquilo, e sorriu em muitos momentos da missa ? mesmo a celebração tendo sido filmada e fotografada.
"Tem muita gente que vive como se Deus não existisse ou não tivesse importância", afirmou durante o sermão que durou 22 minutos. "Convido a orar para a Igreja fazer bem sua missão nesse tempo. Seguramente um tempo difícil, mas também alegre".
Capela Sistina
No sábado, bombeiros instalaram uma chaminé na Capela Sistina, onde será realizado o conclave. Pela chaminé sairá a fumaça preta ou branca, para o anúncio da definição ou não do novo papa. No fim de semana, funcionários do Vaticano trabalharam para deixar o local pronto, fazendo o nivelamento do piso, instalando mesas e cadeiras, entre outros. Veja imagens da Capela Sistina feitas pelo G1.
A capela está fechada para a visitação turística desde a última terça-feira (5). Decorada com afrescos dos maiores artistas do Renascimento, como Michelangelo e Rafael, ela fica dentro da ala de museus do Palácio Apostólico, na Cidade do Vaticano.
Durante o período das votações, os cardeais não poderão receber informações externas durante a reunião, nem poderão ler jornais, ouvir rádio, assistir à TV ou acessar a internet, como prevê a Constituição Apostólica.
Para garantir o sigilo do conclave, serão instalados bloqueios de comunicação para impedir o uso de equipamentos e dispositivos eletrônicos, como celulares. A medida já foi tomada com relação à Sala dos Sinodos, onde têm ocorrido as congregações, garantindo o segredo das reuniões.
Renúncia de Bento XVI
Bento XVI, desde 28 de fevereiro Papa Emérito, anunciou em 11 de fevereiro que havia decidido renunciar. Foi o primeiro pontífice a renunciar em mais de seis séculos, o que criou situações praticamente inéditas para a Igreja Católica Apostólica Romana.
Desde a renúncia, Bento XVI está em Castel Gandolfo, a residência de verão dos Papas, que fica a cerca de 25 km do Vaticano. Permanecerá lá por 2 meses e depois ficará recluso num antigo convento sobre as colinas do Vaticano, com vista para a cúpula da Basílica de São Pedro.