O candidato de esquerda Andrónico Rodríguez, presidente do Senado boliviano, foi atacado neste domingo (17) ao votar na escola José Carrasco, em Entre Ríos, reduto histórico do ex-presidente Evo Morales. Testemunhas relatam que o carro de Rodríguez foi atingido por pedras, e ele foi chamado de "traidor" por eleitores. Apesar do incidente, a votação seguiu normalmente.
No sábado (16), uma explosão de baixa intensidade foi registrada nos arredores do colégio, sem feridos ou danos. A Força Especial de Luta Contra o Crime (Felcc) iniciou investigação para apurar o caso.
Clima eleitoral acirrado
Rodríguez, de 36 anos, aparece entre o terceiro e quarto lugares nas pesquisas, atrás de Samuel Doria Medina e Jorge “Tuto” Quiroga. A disputa acirrada pode levar a uma segunda volta inédita na Bolívia. O episódio reflete o clima tenso e a polarização política no país.
Evo Morales, inelegível e sob risco de prisão, promove o voto nulo e critica a legitimidade do pleito. Ele votou protegido por camponeses em Lauca Eñe, reiterando que seu ex-partido, o MAS, não deve ser o responsável pelo processo eleitoral.
Crise econômica e guinada à direita
A Bolívia enfrenta inflação de quase 25%, escassez de dólares, combustíveis e alimentos. A população atribui a crise ao governo do presidente Luis Arce, abrindo espaço para candidatos de direita prometerem reformas econômicas radicais, incluindo corte de subsídios e liberalização do mercado.
Analistas apontam que, após 20 anos do MAS no poder, a população busca mudanças, mas alertam para a necessidade de equilíbrio, evitando medidas extremas que comprometam programas sociais essenciais. A expectativa é que os bolivianos escolham candidatos capazes de restaurar a estabilidade econômica e enfrentar a crise atual.