A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira (3) o megapacote tributário e orçamentário proposto pelo governo do presidente Donald Trump. Agora, o projeto segue para sanção presidencial. A medida traz uma série de mudanças significativas, incluindo corte de impostos, redução de programas sociais, revogação de incentivos à energia limpa e aumento dos recursos destinados a políticas de imigração e defesa militar.
De acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês), o pacote deve adicionar cerca de US$ 3,3 trilhões (aproximadamente R$ 18 trilhões) à dívida nacional dos Estados Unidos até 2034. Atualmente, o déficit público do país já alcança US$ 36,2 trilhões (R$ 197,3 trilhões), o que levanta preocupações entre especialistas sobre o agravamento do desequilíbrio fiscal a médio e longo prazos.
Entre os pontos mais polêmicos estão os cortes em programas sociais — especialmente no Medicaid, que oferece assistência médica a famílias de baixa renda — e a retirada de incentivos a projetos de energia limpa implementados durante a gestão do democrata Joe Biden. Como forma de compensar a perda de arrecadação com os cortes de impostos, o governo optou por reduzir benefícios voltados à população mais vulnerável.
A votação na Câmara ocorreu dois dias após o texto ser aprovado pelo Senado em uma disputa apertada. No plenário da Câmara, o placar também foi apertado: 218 votos favoráveis contra 214 contrários. Dois deputados do Partido Republicano, legenda de Trump, votaram contra a proposta, o que ameaçou a aprovação até os momentos finais da sessão.
Para garantir a aprovação do pacote, a Casa Branca intensificou a articulação política nos últimos dias. Na quarta-feira (2), o presidente Donald Trump cancelou compromissos de sua agenda para receber deputados considerados moderados e tentar convencê-los a apoiar o projeto. Durante a madrugada da votação, cinco parlamentares republicanos sinalizaram que poderiam votar contra, mas acabaram cedendo à pressão do partido e do próprio presidente, revertendo seus posicionamentos.
Confira os principais pontos do projeto “One Big Beautiful Bill”:
Ampliação dos recursos voltados ao controle da imigração;
Aumento dos gastos com as Forças Armadas;
Corte de programas sociais, como o Medicaid e benefícios alimentares;
Criação de novas isenções fiscais para gorjetas e horas extras;
Revogação de incentivos à energia limpa criados na gestão Biden.
A proposta representa uma guinada na política fiscal dos Estados Unidos e deve gerar intensos debates nas próximas semanas, especialmente sobre o impacto da medida nas contas públicas e na população mais vulnerável.