A pernambucana Luciana Soares da Silva, de 41 anos, morreu na cidade de Cölbe, na Alemanha, após inalar gás vazado de um aquecedor na residência onde morava, na madrugada de segunda-feira (15).
Segundo familiares, Luciana estava no pavimento térreo da casa no momento do vazamento. No andar superior estavam os filhos e o companheiro, de nacionalidade alemã. Eles chegaram a ser socorridos, foram levados a um hospital e receberam alta médica. Luciana, no entanto, não resistiu.
A filha mais velha da vítima, Larissa Kevlyn Soares da Silva, que mora no Recife, contou que a família começou a desconfiar de que algo havia acontecido após perder o contato com a mãe. De acordo com ela, era costume receber mensagens de “bom dia” logo nas primeiras horas da manhã, por causa da diferença de fuso horário entre o Brasil e a Alemanha.
“A última vez que a gente conseguiu contato com a minha mãe foi no domingo. Na segunda-feira, eu estranhei porque todo dia que eu acordo de manhã sempre tem mensagem dela. A gente passou o dia inteiro tentando falar com ela e não conseguiu”, relatou.
Não resistiu a intoxicação
Ainda segundo Larissa, familiares tentaram contato com o companheiro de Luciana, com o filho dele de outro relacionamento e com as crianças, mas não obtiveram resposta. A angústia aumentou ao longo da segunda-feira e da madrugada de terça-feira (16). O primeiro retorno ocorreu na manhã de terça, quando Larissa conseguiu falar brevemente com o companheiro da mãe, que estava internado em uma CTI (Centro de Terapia Intensiva).
“Ele estava muito sedado, mas conseguiu dizer que tinha acontecido uma tragédia, que as crianças estavam bem e que minha mãe tinha vindo a óbito”, afirmou.
De acordo com o relato repassado à família, Luciana estava próxima à lareira no momento do vazamento do gás utilizado para aquecer o imóvel. A filha disse ter sido informada, de maneira não oficial, de que o gás teria se espalhado rapidamente pela casa. Luciana teria sido a primeira a ser atingida e perdeu a consciência antes da chegada dos bombeiros. O companheiro também teria passado mal após acionar o socorro.
Até o momento, a família afirma não ter recebido comunicação oficial das autoridades alemãs. As informações chegaram por meio do companheiro da vítima e do Consulado-Geral do Brasil em Frankfurt, que informou que o caso está sob investigação da polícia local.
Luciana vivia na Alemanha com os filhos Kauã Emanuel Soares da Silva, de 8 anos, de um relacionamento anterior, e Maria Khatarina Soares da Silva, de apenas 2 meses, filha do companheiro atual. No momento do vazamento, as crianças estavam no andar superior da casa, o que reduziu a exposição ao gás.
Filhos foram acolhidos em um lar de abrigo
Após a tragédia, os dois filhos foram acolhidos em um lar de abrigo. Segundo Larissa, Kauã e Maria estão juntos no mesmo local, informação confirmada pelo consulado. Apesar disso, a família relata aflição pela falta de contato direto com as crianças.
“A gente recebe informação de terceiros. Disseram que eles estão bem, mas é muito angustiante não conseguir falar diretamente com eles”, disse.
A situação da guarda preocupa os familiares, especialmente em relação à bebê de dois meses. De acordo com Larissa, Maria possui dupla nacionalidade, mas o vínculo legal com o pai alemão ainda não havia sido oficialmente reconhecido, o que pode gerar entraves jurídicos.
“Nossa principal preocupação é a tutela das crianças. A gente quer trazer meu irmão e tentar trazer a Maria também, mas não sabe como funciona o governo de lá”, explicou.
Luciana havia se mudado definitivamente para a Alemanha em janeiro deste ano, após conseguir o visto e a autorização para matricular o filho mais velho na escola. Antes disso, realizava apenas viagens temporárias ao país.
Repatriação pode chegar a R$ 100 mil
Sem parentes na Alemanha, a família enfrenta dificuldades financeiras para lidar com os custos do processo. A repatriação do corpo pode chegar a R$ 100 mil, segundo estimativas repassadas aos familiares. Diante disso, foi criada uma vaquinha online e disponibilizada uma chave Pix para arrecadar doações.
“Infelizmente, a gente não tem condições financeiras. A gente quer trazer o corpo da minha mãe, trazer meus irmãos de volta e ir lá resolver tudo isso”, afirmou Larissa.
O Consulado-Geral do Brasil em Frankfurt informou que mantém contato com a família desde terça-feira (16) para prestar assistência. No entanto, os parentes relatam que as respostas têm sido lentas e que precisam buscar atualizações de forma constante.