O governo brasileiro está considerando adquirir usinas nucleares flutuantes oferecidas pela estatal russa Rosatom. A iniciativa integra o estreitamento da cooperação entre os dois países na área de energia atômica e tem como objetivo especialmente regiões de difícil acesso, como a Amazônia.
De acordo com o diretor da Rosatom para a América Latina, Ivan Dibov, a parceria com o pais teve inicio em março, com a exploração conjunta de urânio na mina de Caetité, na Bahia. Agora, eles pretendem ampliar a cooperação. “Temos muito interesse em ampliar nossa cooperação”, disse o executivo.
ENTENDA
Um das principais empresas do setor nuclear no mundo, a Rosatom possui cerca de US$ 100 bilhões em receitas externas em 2024 , cerca de 20% provenientes de países considerados adversários da Rússia no contexto da guerra da Ucrânia, como os Estados Unidos. A estatal é pioneira na produção de reatores modulares pequenos, conhecidos como Small Modular Reactors (SMRs), que possuem capacidade entre 10% e 50% das centrais tradicionais, porém com a vantagem de ocupar menos espaço.
A proposta chamou a atenção do governo brasileiro. Para o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, esses pequenos reatores, inclusive os modelos flutuantes, podem oferecer soluções seguras e estáveis para regiões de difícil acesso, como a Amazônia. "Temos mantido um diálogo técnico produtivo com a Rosatom”, afirmou.
PROXIMOS PASSOS
Apesar do interesse, essa operação, exige uma regulação específica. A primeira usina flutuante da Rosatom levou dez anos para entrar em funcionamento, contando com uma licença especial da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Seus custos não foram detalhados, mas Dibov estima que a construção hoje leve de dois a três anos.
A primeira unidade teve orçamento inicial de US$340 milhões, que subiu para cerca de US$870 milhões após correções. Segundo o contrato mais recente com a Rosatom, deve haver o envio de 275 mil quilos de urânio natural extraído na Bahia até 2027. A empresa russa devolverá o material processado como combustível nuclear.
Para a Dibov, a intenção é melhorar a exploração das reservas brasileiras como forma de diversificar o suprimento do metal, em resposta às incertezas geopolíticas. Além do Brasil, Moscou também negocia mineração de urânio na Tanzânia e na Namíbia. Cerca de 40% do urânio atualmente é consumido pela Rússia é importado, majoritariamente do Cazaquistão.