Bilhetes de embarque de família são achados intactos em destroços

Embaixo, uma referência feita pela companhia aérea: tratava-se de uma criança

Bilhetes | Reprodução
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Ao caminhar pela mata em meio aos destroços do Boeing-777 da Malaysia Airlines, pisei, sem perceber, num "canhoto" do bilhete de um dos passageiros. Nome dele: Martin Paulissen. Poltrona: 16E. Abertura do portão de embarque: 11h. Decolagem: 12h.

Embaixo, uma referência feita pela companhia aérea: tratava-se de uma criança. Outros três tíquetes parecidos estavam em volta, ali no matagal, debaixo da grama.

Não deu outra: eram do pai de Martin, Johnny Paulissen, dono da poltrona 16H, da mãe, Yuli Hastini, sentada na 16G, e da irmã, Sri, na 16F.

Ou seja, um do lado do outro. Era uma família de holandeses ;Yuli, na verdade, nasceu na Indonésia. Após a queda do avião, um irmão dela apareceu com uma foto da família chorando a perda.

Um dos bilhetes encontrados pela reportagem estava em cima de um livro de autoajuda, perto de uma camiseta dobrada, intacta, provavelmente como havia sido colocada dentro da mala. A proximidade dos quatro bilhetes indica que estavam juntos, guardados pelos pais, talvez.

Cartões de embarque da família indonésio-holandesa Paulissen, encontrados em meio aos destroços.

Os tíquetes da família Paulissen, espalhados na plantação do vilarejo de Grabovo, na região de Torez (leste da Ucrânia), simbolizam um pouco do abandono que já tomou o local da tragédia apenas três dias depois da queda do Boeing.

Além do horror da cena de corpos ainda presos às ferragens, sem indício de que serão retirados a curto prazo (ao contrário dos demais), pedaços da fuselagem do avião, malas e pertences ainda estão espalhados pela região sem qualquer proteção que permita uma investigação independente sobre as causas do acidente.

No matagal, há roupas, remédios, livros, bebidas, agendas pessoais, dados que parecem ser confidenciais, entre outras coisas.

Alguém estava lendo a biografia de Kevin Keegan, ex-astro do futebol inglês. Outro passageiro acabara de visitar Paris ;levava para casa uma lembrança da Torre Eiffel.

Há sinais de que muita coisa pode ter sido manuseada nos últimos dias: é possível identificar pasta de computador e maleta de máquina fotográfica vazias, carteiras sem qualquer documento ou dinheiro, por exemplo.

Ao lado de uma mala preta de rodinha, havia um guia turístico da Holanda e uma camiseta, em inglês, Eu amo Amsterdã". A capital holandesa foi o ponto de partida do voo MH17.

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