O presidente americano Joe Biden disse nesta sexta-feira (20), em pronunciamento na Casa Branca, que a prioridade americana neste momento no Afeganistão é tirar seus cidadãos e os aliados locais do país, para garantir sua segurança em meio à tomada do poder pelo grupo extremista Talibã.
"Não se enganem, esta missão de evacuação é perigosa. Não posso prometer qual será o resultado final ... mas, como comandante-em-chefe, posso garantir que vou mobilizar todos os recursos necessários", afirmou Biden.
Mais de 18 mil pessoas foram retiradas de avião de Cabul desde que o Talibã tomou a capital do Afeganistão, disse uma autoridade da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) nesta sexta-feira (20). A Otan prometeu dobrar os esforços para retirar gente do país. Há muitas críticas à maneira como o Ocidente -- em especial, os Estados Unidos -- tem lidado com a crise.
A Otan pediu aos talibãs que permitam a retirada dos afegãos que desejam abandonar o país e prometeu que os aliados manterão uma "estreita cooperação" durante a operação.
Os ministros das Relações Exteriores da Aliança Atlântica realizaram uma reunião de emergência para analisar a situação no Afeganistão e os planos de retirada de pessoas.
"Pedimos a quem estiver na posição de autoridade no Afeganistão para respeitar e facilitar a marcha ordenada e segura, também através do aeroporto internacional Hamid Karzai de Cabul", disseram os 30 ministros da Otan em seu comunicado conjunto.
"Enquanto a operação de retirada continuar, manteremos nossa estreita coordenação operacional com os meios aliados" no aeroporto, acrescentaram.
Nesta quinta, em uma entrevista à rede ABC, o presidente americano disse que o Talibã precisa decidir se quer ser reconhecido pela comunidade internacional, acrescentando que não acredita que o grupo tenha alterado suas crenças fundamentais.
Indagado se acha que o Taliban mudou, Biden respondeu à ABC News: "Não".
"Acho que eles estão passando por uma espécie de crise existencial: será que eles querem ser reconhecidos pela comunidade internacional como um governo legítimo? Não tenho certeza se querem", disse, acrescentando que o grupo parece mais comprometido com suas crenças.
Mas ele também disse que o Talibã tem que mostrar se consegue cuidar dos afegãos.
"Eles também se importam se eles têm alimento para comer, se têm uma renda que... possa impulsionar uma economia, eles se importam se conseguem ou não manter unida a sociedade com que dizem se importar tanto", disse Biden na entrevista gravada na quarta-feira. "Não estou contando com nada disso."
Ele também acrescentou que será preciso pressão econômica e diplomática --e não força militar-- para garantir os direitos das mulheres.