Autoridades do Haiti falam em 200 mil mortos

O balanço de vítimas do tremor do dia 12 foi elevado pelas autoridades

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Quase duas semanas depois do terremoto de 12 de janeiro, as autoridades haitianas anteciparam nesta segunda-feira um balanço superior a 150 mil mortos, mais as milhares de pessoas que continuam sob os escombros.

Os "países amigos" do Haiti, entre eles o Brasil, estão mantendo neste momento uma reunião de emergência em Montreal para fazer o balanço da situação e coordenar a ajuda, antes de começar a pensar na reconstrução do país, o mais pobre do continente, com a preparação de uma conferência prevista para março.

"O Estado haitiano está trabalhando em condições precárias, mas tem a capacidade de assumir a liderança que a população espera dele", garantiu em Montreal o primeiro-ministro, Jean-Max Bellerive, pedindo "um forte apoio, de médio e longo prazos, da comunidade internacional".

O balanço de vítimas do tremor do dia 12 foi elevado pelas autoridades. A Comissão Sanitária prevê agora "150 mil mortos", declarou domingo à noite à AFP a ministra das Comunicações, Marie-Laurence Jocelyn Lassegue.

Indagada sobre a quantidade de corpos que continuam sob os escombros, a ministra disse que "é difícil dizer, mas o primeiro-ministro falou em 200 mil" mortos no total.

O ministro da Saúde do Haiti, Alex Larsen, antecipou nesta segunda-feira um balanço final de 150 mil mortos em todo o país. Ele destacou que as autoridades já contaram 90 mil corpos.

O governo haitiano elogiou domingo a resposta da comunidade internacional, mas insistiu na necessidade de que as promessas de doações se concretizem.

O chefe da Missão de Estabilização da ONU no Haiti (Minsutah), Edmond Mulet, afirmou domingo que precisa urgentemente de homens, veículos e gasolina para levar a ajuda à população.

"Preciso de homens. Preciso de soldados. Também precisamos de carros, de caminhões" e de gasolina para ajudar a população, pediu Mulet, em declarações à rede CNN.

Os Estados Unidos enviaram cerca de 20 mil homens ao Haiti, e os chanceleres da União Europeia (UE) concordaram nesta segunda-feira em enviar à ilha do Caribe uma missão de polícia formada por "pouco mais de 300 homens" para auxiliar na distribuição da ajuda, informou uma fonte diplomática à AFP.

"Estamos assistindo a um esforço internacional extremamente puxado e eficiente, que não poderia ter sucesso sem recursos militares supolementares", ressaltou a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, antes de viajar a Montreal.

O Japão vai aumentar para 70 milhões de dólares sua ajuda ao Haiti, e está estudando a possibilidade de enviar tropas ao país para reforçar a Minustah, informou nesta segunda-feira a agência de notícias Kyodo.

Já a Arábia Saudita anunciou uma doação de 50 milhões de dólares para as vítimas do terremoto. Trata-se da maior contribuição anunciada no Oriente Médio para o Haiti.

O Conselho Ecumênico das Igrejas (CEO) conclamou a comunidade internacional a perdoar a dívida externa do Haiti.

"O CEO e seus parceiros ecumênicos defendem a anulação imediata e sem condições da dívida, para que o Haiti possa se reconstruir no longo prazo", disse a instituição em comunicado.

A dívida externa do Haiti é de 640 milhões de dólares.

A primeira-dama do Haiti, Elisabeth Préval, defendeu seu marido, o presidente René Préval, criticado por parte da população haitiana por sua gestão da catástrofe que arrasou Porto Príncipe.

Socorristas franceses que haviam anunciado domingo ter detectado movimentos sob os escombros de um edifício de Porto Príncipe encerraram as buscas durante a madrugada.

"Encerramos as operações, o radar não está detectando mais nada. Avistamos um cadáver cheio de vermes", declarou o comandante Samuel Bernès, da Segurança Civil, às 23H00 de ontem (02H00 desta segunda-feira, pelo horário de Brasília).

Sábado, um homem de 25 anos, Wismond Exantus, foi resgatado dos escombros de Porto Príncipe depois de passar 11 dias soterrado.

No total, 133 pessoas foram resgatadas dos escombros desde o terremoto, que deixou mais de 194 mil feridos e um milhão de desabrigados.

As equipes com material leve começaram a deixar o país, mas as que vieram com equipamentos pesados passaram a trabalhar na remoção dos escombros.

Os saques estão se multiplicando na capital, sem que a polícia, que perdeu muitos homens na catástrofe, possa fazer algo a respeito.

Para piorar, muitos criminosos que estavam presos aproveitaram o terremoto para fugir. Cerca de 4 mil detentos conseguiram fugir da maior penitenciária de Porto Príncipe, que fica em Cité Soleil, o bairro mais pobre e mais perigoso da capital.

A distribuição de alimentos, água, medicamentos e barracas continua. Quase 800 mil pessoas estão alojadas em 500 acampamentos, e mais de 30 hospitais com capacidade operatória estão funcionando.

Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), com sede em Genebra, são necessárias 100 mil barracas suplementares para alojar, ao menos temporariamente, meio milhão de desabrigados.

Mais de 235 mil pessoas já deixaram Porto Príncipe rumo às regiões rurais, menos afetadas pelo terremoto, informou a ONU nesta segunda-feira, destacando que a contagem não inclui os haitianos que foram por conta própria para casa de parentes ou amigos.

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