Transexuais de oito países da América Latina desfilarão na noite desta quarta-feira de maiô, vestido de gala e traje típico para buscarem a coroa pela primeira vez como Miss América Latina Trans na cidade argentina de La Plata, assinalaram hoje os organizadores.
As participantes são argentinas e imigrantes residentes no país vindas do Equador, Chile, Colômbia, Peru, Panamá, Bolívia e República Dominicana. No entanto, ao contrário dos concursos de beleza tradicionais, a ganhadora não será a mais bonita, mas "a que melhor defenda os direitos humanos e os promova", explicou a Agência Efe Claudia Vásquez Haro, presidente da associação Otrans, que organiza o concurso.
"Queremos nos apropriar de um evento de beleza não para reforçar a estética hegemônica de 60-90-60, mas para pôr em discussão que é nosso corpo e ocupar o espaço público e político para reivindicar os direitos do coletivo LGTBI (lésbicas, gays, trans bissexuais e intersex)", ressaltou Vásquez Haro. As participantes deverão responder a perguntas vinculadas aos direitos humanos, como seus direitos como pessoas trans, conquistas conseguidas, direitos que ainda são impedidos ou o lugar que ocupa para elas a memória, acrescentou a presidente da Otrans, também professora e pesquisadora da Universidade Nacional de La Plata.
Além de Miss América Latina Trans, as participantes concorrem a outros quatro prêmios: Miss Integração, Miss Simpatia, Miss Fotogenia e Miss traje típico. "Com o traje típico queremos mostrar que além da identidade trans existe também a identidade cultural, de onde vem cada uma", detalhou Vásquez Haro,do Peru. A ideia do concurso foi crescendo paulatinamente, já que em um primeiro momento "se pretendia realizar um exercício para aumentar a visibilidade da comunidade, escolher a mais bela, mas depois fomos mudando o foco", explicou a ativista e docente. Para essa ruptura de estereótipos, também teve um papel decisivo na eleição do local para a realização do concurso, um teatro bar em La Plata, 60 quilômetros ao sul de Buenos Aires.
"O Teatro Bar de La Plata é um lugar tradicional onde acontecem shows, onde as pessoas não está acostumada a ver a estas meninas, já que a maioria trabalha nas ruas, em cima de um palco se mostrando", disse Vásquez Haro. O júri, composto por personalidades políticas, acadêmicas e artísticas, incluirá as legisladoras Diana Conti e María Rachid, a pesquisadora Silvia Delfino e a política Florença Saintout, entre outras personalidades. "Miss América Latina Trans faz parte de um processo histórico onde o coletivo de transexuais, travestis, gays e lésbicas na Argentina avançou na ampliação de seus direitos e na construção de cidadania, como a Lei de Identidade de Gênero e a Lei de Casamento Igualitário", concluiu Vásquez Haro.