A polícia da Nova Zelândia está preocupada com a onda de saques contra residências na cidade de Christchurch, após o terremoto de magnitude 6,3 que devastou a cidade e deixou mais de 113 mortos no início da semana.
Criminosos que se fazem passar por socorristas e utilizam, inclusive, falsos veículos oficiais estão vasculhando residências para roubar objetos de valor.
"Vão de casa em casa e tentam entrar, principalmente nas residências de maior valor", declarou o policial Russell Gibson à Rádio New Zealand.
"Estou realmente enojado com esta gente, que vê a tragédia como uma oportunidade para se aproveitar de pessoas vulneráveis".
A polícia destacou que vai reforçar a presença de militares nas ruas de Christchurch, onde já vigora o toque de recolher.
"Temos 113 corpos no necrotério provisório", informou o comandante distrital Dave Cliff à imprensa. "Eles estão sendo atendidos por nossa equipe e sendo tratados com a maior dignidade".
Equipes de resgate trabalham pelo quarto dia nos escombros de Christchurch na esperança de encontrar mais sobreviventes.
Segundo a polícia, há 228 pessoas na lista de desaparecidos. A lista pode conter pessoas cujos corpos foram encontrados, mas ainda não foram identificados. Mais de 2,5 mil pessoas ficaram feridas após o tremor, 160 delas gravemente.
Resgatistas do Japão, Taiwan e dos Estados Unidos reforçam as buscas, que usam cães farejadores e microfones para nos prédios destruídos para tentar captar sinais de vida.
Toque de recolher
Na quarta-feira (23), o primeiro-ministro da Nova Zelândia, John Key, declarou estado de emergência nacional devido ao tremor. Na terça (22), o prefeito de Christchurch, Bob Parker, já havia declarado estado de emergência. Para evitar saques, foi declarado toque de recolher na cidade.
O premiê avaliou que a reconstrução de Christchurch custará entre US$ 6 bilhões e US$ 8 bilhões, embora alguns analistas calculem que os danos podem superar os US$ 16 bilhões.
Resgate
?Estamos recebendo mensagens de texto e rastreando sons dos sobreviventes, e esse é o nosso foco no momento?, disse o comandante da polícia, Russell Gibson.
O terremoto foi o segundo grande tremor em cinco meses na cidade, que tem 400 mil habitantes, e também o mais letal desastre natural no país em 80 anos. O tremor ocorreu na hora do almoço. Ruas e lojas estavam muito movimentadas, e os escritórios ainda estavam ocupados.
Em algumas ruas de Chistchurch o tremor gerou crateras de até um metro de profundidade. A polícia e o Exército montaram um cordão de segurança ao redor da zona mais afetada. O aeroporto da cidade foi fechado, e o centro foi esvaziado, de acordo com a polícia. Quase toda a cidade está sem energia e sem água.
20 tremores secundários
O terremoto sacudiu a cidade de Christchurch às 12h51 da terça-feira no horário local (20h51 da segunda, em Brasília), de acordo com o Serviço Geológico dos EUA (USGS, na sigla em inglês), que monitora tremores pelo mundo. O epicentro do tremor foi localizado a 4 km de profunidade, a 5 km ao noroeste de Christchurch. Pelo menos 20 tremores secundários foram registrados.
Um forte tremor de magnitude 7,2 atingiu a mesma cidade em setembro de 2010, deixando 20 feridos e destruindo edifícios.