“Algumas meninas gostam de ser estupradas”, diz juiz em julgamento

Declaração causou polêmica no país; juiz se defendeu dizendo que foi “mal interpretado”

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Um juiz causou polêmica em Israel ao afirmar, durante a audiência de um caso de estupro de uma menor, atualmente com 19 anos, que "algumas meninas gostam de ser estupradas". A informação foi publicada nesta quarta-feira (5) pela imprensa israelense.

Trata-se do juiz Nissim Yeshaya, que, embora esteja aposentado, continua atuando em alguns casos de apelação institucionais no Distrito de Tel Aviv, segundo o site Ynet.

Em meio a uma audiência na terça-feira (4) da Comissão de Apelação da Previdência Social, na qual a vítima não estava presente, o magistrado surpreendeu os participantes com o comentário, que gerou protestos revoltados e condenações de todo o espectro político local.

A presidente da comissão parlamentar para o Status da Mulher, Aliza Laví, pediu à ministra da Justiça, Tzipi Livni, que interdite imediatamente Yeshaya, aposentado há quatro anos e que atua como presidente de tribunais administrativos e de orientação.

A jovem, hoje maior de idade, tinha 13 anos quando foi violentada por quatro palestinos.

Sua advogada, Aloni Sadovnik, descreveu a declaração do juiz à rádio do exército israelense.

? No meio de um debate acalorado, o juiz diz de repente, alto e para todos os presentes ouvirem: "Há algumas meninas que gostam de ser estupradas". A sala ficou em silêncio.

A advogada detalhou que "inclusive os [outros dois] membros do tribunal ficaram calados por vários minutos".

? Ele nem sequer percebeu o que acabava de dizer. Não entendia por que todo mundo estava em silêncio ao mesmo tempo.

A advogada da vítima contou ainda que os outros dois juízes administrativos tentaram acalmar os ânimos e minimizar o prejuízo das declarações de seu companheiro.

Yeshaya, que se desculpou hoje, afirmou sobre o escândalo que "não é sério".

? Estão tentando conseguir publicidade às minhas custas. Eu não acho que a vítima de um estupro não sofra danos com ele ou que o estupro não seja um crime grave. [Meus comentários] foram mal interpretados.

A Administração de Tribunais disse que o juiz não tinha intenção de ofender a vítima de estupro e que lamentava os comentários.

A ministra de Cultura e Esporte , Limor Livnat, considerou as declarações "assustadoras e escandalosas" e também intercedeu para que o juiz passe para aposentadoria definitiva.

? As vítimas de estupro sofrem severos traumas psicológicos. É difícil imaginar o dano causado por esse comentário, que poderia dissuadir outras vítimas de abusos sexuais [de denunciar os crimes].

O juiz era o candidato preferido do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a presidir o Tribunal interno do partido Likud, mas hoje o governante retirou seu apoio porque "uma pessoa que se expressa assim não merece o cargo".

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