Alemã revela que provava comida de Adolf Hitler antes de ele comer

Margot Woelk comia antes para saber se prato estava envenenado.

Aos 95 anos, Margot Woelk posa em seu apartamento em Berlim. | AP
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Por mais de meio século, Margot Woelk guardou um segredo escondido do mundo, até mesmo do marido. Alguns meses antes de completar 95 anos, ela revelou a verdade sobre o seu papel durante a Segunda Guerra Mundial: provadora de comida de Adolf Hitler.

Woelk, então com seus vinte e poucos anos, passou dois anos e meio como uma das 15 jovens que "testavam" a comida de Hitler para ter certeza que não estava envenenada antes de ser servida ao líder nazista em sua "Toca do Lobo", um centro de comando localizado onde hoje é a Polônia, no qual ele passou a maior parte de seu tempo nos últimos anos da Segunda Guerra Mundial.

"Ele era vegetariano. Ele não comeu carne durante todo o tempo que eu estava lá", disse Woelk sobre as preferências do líder nazista. "E Hitler era tão paranóico que os britânicos pudessem envenená-lo, é por isso que ele tinha 15 meninas para provar a comida antes de ele comer."

Enquanto muitos alemães lutavam contra a escassez de alimentos e tinham uma dieta branda enquanto a guerra se arrastava, a prova de alimentos de Hitler tinha suas vantagens.

"A comida era deliciosa, apenas os melhores legumes, aspargos, pimentão, tudo o que você pode imaginar. E sempre acompanhados de arroz ou macarrão", lembra. "Mas este medo constante - nós sabiamos de todos esses rumores de envenenamento e nunca podíamos desfrutar da comida. Cada dia nós temíamos que fosse ser a nossa última refeição".

Só agora, no final da sua vida ela se dispôs a relatar suas experiências, que tinha enterrado por causa da vergonha e do medo de perseguição por ter trabalhado com os nazistas. Mas ela insiste que ela nunca foi um membro do partido. Ela contou sua história enquanto folheava um álbum de fotos no mesmo apartamento onde nasceu em 1917, em Berlim.

Woelk diz que sua associação com Hitler começou depois que ela fugiu de Berlim para escapar de ataques aéreos aliados. Com o marido servindo o exército alemão, ela foi morar com parentes cerca de 700 quilômetros ao leste em Rastenburg, então parte da Alemanha e hoje Ketrzyn, no que se tornou Polônia após a guerra. Lá, foi convocada para o serviço civil e trabalhou dois anos e meio como provadora de alimentos e guarda-livros na cozinha no complexo "Toca do Lobo".

Temores quanto à segurança de Hitler não eram infundados. Em 20 de julho de 1944, um coronel de confiança detonou uma bomba na "Toca do Lobo", em uma tentativa de matar Hitler. Ele sobreviveu, mas cerca de 5 mil pessoas foram executadas após a tentativa de assassinato, incluindo o homem-bomba.

"Nós estávamos sentados em bancos de madeira, quando ouvimos um barulho muito forte", disse ela sobre o bombardeio 1944. "Nós caímos do banco, e eu ouvi alguém gritando "Hitler está morto!" Mas ele não estava".

Após a explosão, a tensão cresceu ao redor do quartel-general. Woelk disse que os nazistas ordenaram que ela saísse da casa de seus parentes e se mudasse para uma escola abandonada perto do composto.

Com o exército soviético na ofensiva e a guerra indo mal para a Alemanha, um de seus amigos da SS aconselhou-a a deixar a "Toca do Lobo". Ela disse que voltou de trem para Berlim e passou a se esconder.

Woelk lembra ainda que as outras mulheres na equipe de degustação de alimentos decidiram permanecer em Rastenburg, "Mais tarde descobri que os russos mataram todas as 14 outras meninas, quando as tropas soviéticas invadiram o quartel-general em janeiro de 1945".

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