A Justiça argentina conduziu, na sexta-feira (10), uma operação de busca e apreensão no apartamento do ex-presidente Alberto Fernández, em resposta a uma denúncia de violência física feita pela ex-primeira-dama Fabiola Yañez. Durante a operação, um celular foi apreendido.
A OPERAÇÃO
Conforme relatado pela mídia argentina, a ação tem como objetivo verificar se o ex-presidente continuou "assediando" Yañez após ter sido informado sobre a restrição de contato com ela.
Na ocasião, Fernández estava no apartamento na companhia de seu meio-irmão Pablo Galindez e de outras pessoas. Esta foi a primeira medida oficial no caso, que permanece sob sigilo.
HEMATOMAS NO ROSTO
Na quinta-feira (8), o site de notícias argentino Infobae divulgou imagens de Yañez mostrando hematomas no braço e no rosto. Em suas mensagens trocadas com Fernández, Yañez relatou ter sido agredida por três dias consecutivos.
Em uma das mensagens, Yañez declarou: "Isso não funciona assim, você me agride o tempo todo. É insólito. Não pode me fazer isso quando eu não te fiz nada. E tudo o que tento fazer com a mente centrada é te defender, e você me agride fisicamente. Não há explicação."
DENÚNCIA
A denúncia foi feita por Yañez na terça-feira (6) durante uma videoconferência com o juiz federal Julián Ercolini, que imediatamente ordenou medidas de "restrição" e "proteção" para ela. As medidas urgentes incluem uma ordem para que o ex-presidente não se aproxime dela e não deixe o país.
Yañez relatou ter sofrido agressões físicas enquanto residia na Quinta de Olivos, a residência oficial da presidência argentina. Fernández ocupou o cargo de presidente da Argentina de 2019 a 2023.
O ex-presidente negou as acusações em uma nota publicada nas redes sociais e afirmou que apresentará à Justiça "as provas e testemunhos que esclarecerão a verdadeira situação."
Trocas de mensagens Nas mensagens divulgadas pelo Infobae, o ex-presidente pediu que Yañez cessasse as discussões e justificou que suas brigas eram "por causa dos outros". Ele concluiu uma mensagem com um pedido: "Por favor. Venha."
AGREDIDA POR TRÊS DIAS
Yañez respondeu: "Você está me agredindo novamente. Você está louco." Fernández, por sua vez, disse estar se sentindo mal. Após Yañez relatar que estava sendo agredida há três dias, o ex-presidente respondeu: "Estou com dificuldade para respirar. Por favor, pare. Estou me sentindo muito mal."
O Infobae também revelou que Yañez enviava fotos a Fernández mostrando os hematomas resultantes das agressões. Em uma mensagem, Yañez disse: "E quando você me sacudiu pelos braços, me deixou hematomas. Isso é quando você me sacudiu." Após enviar uma foto com o olho roxo, ela ironizou: "Isso foi quando você me bateu sem querer."
Essas mensagens foram encontradas no contexto de outra investigação conduzida por Ercolini, que apura alegações de corrupção durante a gestão de Fernández. As conversas entre Yañez e a então secretária particular do ex-presidente, María Cantero, também abordam as agressões.
O celular de Cantero foi analisado pela Justiça no âmbito de uma investigação sobre um suposto tráfico de influência a favor de um produtor de seguros próximo a Fernández, Héctor Martínez Sosa.
De acordo com a publicação do Infobae, um dos próximos passos no processo será o depoimento da ex-primeira-dama, cuja data ainda não foi definida até a última atualização desta reportagem. No entanto, espera-se que ocorra em breve.
Yañez, de 43 anos, e Fernández, de 65, foram casados durante todo o mandato dele e tiveram um filho, Francisco, nascido em 2022. Atualmente, Yañez reside em Madri com o filho, enquanto Fernández mora em Buenos Aires.