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Agricultores protestam em frente à casa de praia de Macron contra acordo UE-Mercosul

Manifestação ocorreu em Le Touquet, no norte da França, com despejo de esterco e lixo; assinatura do tratado foi adiada para janeiro.

Agricultores despejam pneus e lixo em frente à casa Macron | Foto: Bernard Barron/AFP
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Dezenas de agricultores franceses realizaram um protesto nesta sexta-feira (19) em frente à casa de praia do presidente Emmanuel Macron, na cidade de Le Touquet, no norte da França. A manifestação teve como foco a oposição ao acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul e outras reivindicações do setor agrícola. Os manifestantes despejaram esterco, lixo e pneus no local como forma de pressão política, mesmo após o anúncio do adiamento da assinatura do tratado para janeiro.

Durante o ato, os agricultores descarregaram sacos de esterco, pneus, repolhos e galhos em frente à residência de tijolos vermelhos de Emmanuel Macron e de sua esposa, Brigitte Macron. Um caixão simbólico com a inscrição “Não ao Mercosul” foi colocado diante da casa, que estava sob forte vigilância policial.

O protesto ocorreu um dia após uma grande mobilização de agricultores europeus em Bruxelas, contra o mesmo acordo comercial, que terminou com registros de confrontos e episódios de violência.

Foto: Jerome Noel/AFP | Agricultores com placa de oposição ao Mercosul 

CRÍTICAS AO ACORDO E À POLÍTICA AGRÍCOLA

O acordo entre a União Europeia e o Mercosul prevê a redução ou eliminação de tarifas de importação e exportação entre os dois blocos. Após os protestos, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, informou aos líderes europeus, na quinta-feira (18), que a assinatura do tratado, prevista para este sábado (20), foi adiada.

Mesmo com o adiamento, os agricultores mantiveram o protesto. Segundo Benoît Hédin, do sindicato agrícola FDSEA, o ato teve caráter simbólico e representa a insatisfação com as políticas atuais. “Estamos retrocedendo”, afirmou, ao citar o acordo com o Mercosul e a reforma da Política Agrícola Comum da União Europeia, que pode resultar em redução de benefícios aos produtores no próximo ano.

Marc Delaporte, outro agricultor presente no protesto, também criticou o impacto do acordo. “Os produtos são importados sem qualquer restrição regulatória e competem conosco a preços impossíveis de igualar”, disse. “Estamos protestando há dois anos e nada muda.”

Foto: Jerome Noel/AFP | Agricultores despejam pneus em frente à casa de praia de Macron  

ADIAMENTO DA ASSINATURA DO TRATADO

A Comissão Europeia concluiu o acordo comercial em dezembro de 2024 com Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A assinatura estava prevista para ocorrer durante a cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, no sábado (20), mas foi adiada após pressão da França, com apoio recente da Itália.

O FNSEA, principal sindicato agrícola francês, classificou o anúncio do adiamento como insuficiente. “O Mercosul continua sendo um NÃO! Portanto, para dar xeque-mate no Mercosul, vamos nos manter mobilizados”, escreveu a entidade nas redes sociais.

Os agricultores franceses afirmam temer o impacto da entrada em larga escala de produtos sul-americanos, como carne, arroz, mel e soja, no mercado europeu. Segundo o setor, esses produtos seguem regras de produção menos rígidas, o que os tornaria mais competitivos em relação à produção local.

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