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47 milhões de pessoas nos Estados Unidos vivem sem saber se terão o que comer

Paralisação do Snap deixou milhões, incluindo crianças, sem garantia de comida, revelando vulnerabilidade em meio à riqueza.

Insegurança alimentar: shutdown nos eua expõe crise social | Foto: REUTERS/Megan Varner
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O maior shutdown da história dos Estados Unidos, que deixou grande parte da máquina pública paralisada por 43 dias, revelou um lado pouco visto e profundamente preocupante da nação mais rica do planeta. Com a suspensão temporária do Snap, programa federal de suplementação alimentar, mais de 42 milhões de pessoas, incluindo cerca de 14 milhões de crianças e adolescentes, passaram a viver sem a garantia de ter comida no dia seguinte.

Ao longo da apuração, conversei com mais de 20 pessoas ameaçadas pela fome em pelo menos dez estados. Entre os relatos, está o de uma mãe que busca desesperadamente assegurar três refeições diárias aos filhos, mesmo que isso signifique ficar sem comer. Há também o caso de um aposentado que, sem alternativa, passou dias se alimentando apenas de pasta de amendoim, o único item que restou em sua despensa.

Mesmo com uma economia treze vezes maior que a brasileira, os Estados Unidos têm um número de pessoas em insegurança alimentar equivalente a 80% do contingente do Brasil. Milhões de famílias dependem de orçamentos extremamente apertados, em que poucos dólares determinam se haverá jantar ou se alguém irá dormir com fome.

É uma questão social permanente, sempre à beira de se transformar em crise, especialmente diante de paralisações governamentais ou de cortes em programas sociais já insuficientes. Essas situações foram novamente intensificadas pelo governo Trump.

À primeira vista, pode soar contraditório que um país tão poderoso e economicamente vibrante conviva com tamanha vulnerabilidade. Mas a realidade mostra que, nos Estados Unidos, riqueza e pobreza extrema coexistem em proporções que surpreendem o mundo.

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