35 prédios de luxo estão afundando na costa de Miami; entenda os riscos

A descoberta gerou preocupação, especialmente após o desabamento de um prédio em Surfside, ocorrido em 2021, que resultou na morte de 98 pessoas.

Costa de Miami tem prédios afundando | Reprodução
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Um estudo conduzido pelo Departamento de Ciências Marinhas, Atmosféricas e da Terra da Universidade de Miami, divulgado no início de dezembro, revelou que 35 edifícios de alto padrão em Miami estão apresentando sinais de afundamento.

A descoberta gerou preocupação, especialmente após o desabamento de um prédio em Surfside, ocorrido em 2021, que resultou na morte de 98 pessoas.

O levantamento foi realizado por meio da análise de imagens de satélite. Foram utilizados cerca de 223 registros capturados pelos satélites europeus Sentinel-1 e Sentinel-2, além de um sensor alemão chamado TerraSAR-X, no período de 2016 a 2023. Esses instrumentos utilizam pontos fixos das estruturas, como varandas e unidades de ar-condicionado, como referência, permitindo identificar o afundamento dos prédios.

Os edifícios afetados estão localizados em um raio de 19 quilômetros, incluindo áreas como Miami Beach e Sunny Isles Beach. A taxa de afundamento varia entre dois e oito centímetros.

O engenheiro Julio Timerman, diretor do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON), explica que o solo da região influencia esse fenômeno. Miami possui um solo composto de rocha calcária, que apresenta certa elasticidade e pode causar acomodações estruturais. Segundo especialistas, esse processo não é recente e ocorre há pelo menos 30 anos. Embora não seja algo comum, Timerman enfatiza que é um fenômeno controlável, desde que monitorado adequadamente.

Durante uma visita a um dos prédios afetados, Timerman verificou que a estrutura não apresenta sinais de danos. "Não é como em Santos, onde vemos prédios inclinados. O edifício que visitei não possui trincas, fissuras ou descolamento de revestimentos e janelas, indícios que poderiam apontar para problemas graves", afirmou o engenheiro, ressaltando que, naquele caso específico, não há risco imediato.

A fundação desses prédios tem profundidade superior a 30 metros, reforçada para resistir a furacões comuns na região. As estacas chegam até a camada de rocha calcária, que tem certa flexibilidade, ocasionando acomodações no terreno. Timerman reforça que o monitoramento constante é fundamental para garantir a segurança.

Entre os edifícios afetados estão construções famosas, como duas Trump Towers, o The Ritz-Carlton Residences e a Porsche Design Tower.

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