As autoridades francesas informaram às famílias das vítimas do voo AF 447 da Air France, que caiu no Atlântico em 2009, que 29 corpos foram resgatados desde o reinício das operações, em 21 de maio.
A informação foi repassada à BBC Brasil pelo diplomata francês Philippe Vinogradoff, representante especial do governo junto aos familiares das vítimas do acidente, que matou 228 pessoas.
O navio francês Île de Sein, que havia retornado ao Senegal para realizar a troca da tripulação e das equipes técnicas, voltou no último dia 21 à área onde foi localizada a fuselagem do avião, a cerca de 1,1 mil quilômetros da costa brasileira.
O resgate dos corpos foi reiniciado no mesmo dia da chegada do navio, segundo informa a nota do governo aos familiares. No início de maio, dois outros corpos já haviam sido retirados do fundo do mar.
Como os resultados dos testes para tentar extrair o DNA dos ossos dessas duas vítimas foram positivos, o que irá permitir suas identificações, as autoridades francesas decidiram continuar o resgate dos corpos.
As duas vítimas ainda não foram identificadas porque os legistas não dispõem do material genético dos parentes de todas as vítimas para realizar a comparação entre os corpos, segundo afirmou à BBC Brasil um porta-voz da polícia militar francesa.
O trabalho de identificação será efetuado pelos especialistas do Instituto de Pesquisas Criminais da Polícia Militar francesa.
"Todo o possível"
A carta enviada aos familiares diz ainda que os peritos estão fazendo "todo o possível" para resgatar os corpos, com base na orientação da Justiça francesa de que os restos mortais muito degradados não poderão ser retirados do fundo do mar.
Como todas as peças do avião necessárias às investigações já foram retiradas, a operação se concentrará agora exclusivamente no resgate dos corpos, diz o documento enviado às famílias.
Segundo a Polícia Militar, os resgates serão realizados até 1° de junho. As autoridades francesas haviam declarado há cerca de duas semanas que há cerca de 50 corpos no fundo do mar.
Análises iniciais
Na próxima sexta-feira, o Escritório de Investigações e Análises (BEA, sigla em francês), que apura as causas do acidente, vai informar, após análises iniciais dos dados das duas caixas-pretas do avião, as circunstâncias do voo no momento da catástrofe.
Na ocasião, o BEA vai apenas descrever a sequência de eventos que resultaram no acidente, e não as causas da catástrofe, já que o trabalho de análise dos dados das caixas-pretas (uma das quais contém 1,3 mil parâmetros técnicos do voo), assim como das peças resgatadas, levará meses.
Um relatório preliminar sobre as causas do acidente será divulgado a partir do fim do mês de junho, segundo o governo.
Nos últimos dias, surgiram boatos não confirmados sobre supostos erros de pilotagem, baseados na transcrição da caixa-preta que grava as conversas dos pilotos, e que teriam provocado o acidente.