1 em cada 9 pessoas sofrem com a fome no mundo, afirma ONU

Relatório foi divulgado por agência de alimentação e agricultura nesta terça

|
Siga-nos no Seguir MeioNews no Google News

O número de pessoas que são atingidas pela fome em nível mundial diminuiu em mais de 100 milhões na última década, mas há ainda cerca de 805 milhões – ou seja, um de cada nove habitantes do planeta não têm alimentos suficientes.

As conclusões foram divulgadas nesta terça-feira (16) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em novo relatório que abordou a insegurança alimentar.

O documento diz ainda que o Brasil reduziu à metade a porcentagem de sua população atingida pela fome, cumprindo assim um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), fixados pelas Nações Unidas para 2015. Os ODMs são uma lista de oito pontos, estabelecidos pelas Nações Unidas em 2000, que têm o propósito de melhorar as condições de vida das pessoas no horizonte de 2015.

Até o momento, 63 países em desenvolvimento alcançaram o objetivo, entre eles o Brasil, e outros seis estão na caminho de consegui-lo em 2015. "Isto prova que podemos ganhar a guerra contra a fome e devemos inspirar os países a seguir adiante, com a assistência da comunidade internacional se for necessário", afirmam o diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, o presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Kanayo F. Nwanze, e a diretora do Programa Mundial de Alimentos (PMA), Ertharin Cousin.

Avanços, mas nem tanto

 O relatório explica que "o acesso aos alimentos melhorou significativamente em países que experimentaram um progresso econômico, especialmente em zonas do leste e do sudeste da Ásia". Houve melhora na alimentação em lugares do Sul da Ásia e da América Latina, mas sobretudo em países que dispõem de redes de segurança e outras formas de proteção social, incluídas também as pessoas que sofrem com a pobreza no campo.

A América Latina e o Caribe, aponta o relatório, alcançaram importantes avanços ao aumentar a segurança alimentar. No entanto, o documento ressalta que "apesar do progresso significativo geral, ainda persistem várias regiões que estão na retaguarda" na Ásia e na África Subsaariana.

As organizações destacam a necessidade de renovar o compromisso político para combater a fome através de ações concretas e encorajam o cumprimento do acordo alcançado na cúpula da União Africana, realizada em junho de 2014, de acabar com a fome no continente em 2025.

O texto destaca que a insegurança alimentícia e a desnutrição são problemas complexos que devem ser resolvidos de maneira coordenada e pedem aos governos para trabalhar em estreita colaboração com o setor privado e a sociedade civil.

O documento insiste que "a erradicação da fome requer o estabelecimento de um entorno propício e um enfoque integrado", que inclua investimentos privados e públicos para aumentar a produtividade agrícola, o acesso à terra, aos serviços, às tecnologias e aos mercados.

Brasil

Sobre o país, o relatório da FAO assinala que o programa "Fome Zero" fez da fome um problema fundamental incluído na agenda política do Brasil a partir de 2003. Desta maneira, nos períodos 2000 a 2002 e 2004 a 2006, a taxa de desnutrição no Brasil caiu de 10,7% para menos de 5%.

Segundo a ONU, o programa federal foi o primeiro passo dado para acabar com a fome e, com os anos, ganhou impulso através do fortalecimento do marco jurídico para a segurança alimentar.

As políticas econômicas, diz o relatório, e os programas de proteção social, combinados ao mesmo tempo com programas para a agricultura familiar, contribuíram para a criação de emprego e ao aumento de salários, assim como à diminuição da fome.

De acordo com a ONU, esses esforços realizados pelo Brasil permitiram que a pobreza diminuísse de 24,3% a 8,4% entre 2001 e 2012, enquanto a pobreza extrema também caiu de 14% a 3,5%. A ONU também lembra que em 2011 o país introduziu novas políticas para tratar a pobreza extrema, que contemplavam uma melhora no acesso aos serviços públicos para fomentar a educação, a saúde e o emprego.

Veja Também
Tópicos
SEÇÕES