O Prêmio Piauí de Inclusão Social, na edição de 2018, foi o primeiro a reconhecer a importância do legado de Esperança Garcia para o Piauí e o Brasil. O Centro de Referência Esperança Garcia, da então Secretaria Municipal da Mulher, venceu a categoria governamental.
Com ampla cobertura midiática, o prêmio trouxe mais visibilidade à figura de Esperança Garcia, que nesta sexta-feira (25) foi reconhecida nacionalmente pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) como a primeira advogada do Brasil. O reconhecimento é importante para a profissão, que agora tem como primeira representante uma mulher negra e escravizada.
Um reconhecimento merecido para ela, que fez a primeira petição da história, pedindo ajuda ao governo pelos maus tratos no qual ela e o filho sofriam em uma fazenda, além da impossibilidade de ir à Igreja. Esperança hoje dá nome a uma importante estrutura de acolhimento para as mulheres de Teresina.
A categoria Governamental, que na época foi anunciada pelo apresentador Ieldyson Vasconcelos, foi entregue pelo então secretário de segurança Fábio Abreu. “O Centro de Referência inclui quando a mulher rompe com o ciclo de violência, então esse prêmio também é delas, pelo fim da violência contra a mulher”, afirmou Roberta Mara, coordenadora do Centro na época da premiação.
Para Lidiane, também coordenadora do Centro em 2018, o espaço é para o bem das mulheres. “Esse prêmio vem considerando tudo aquilo que é feito nos bastidores, que somos nós trabalhando arduamente para levar o melhor da política para a mulher”, disse à época.
Dossiê
Esperança Garcia se tornou conhecida após o dossiê organizado pela advogada Maria Sueli (in memoriam), que pesquisou e estudou a figura histórica, que hoje tem porte de heroína nacional.
O “Dossiê Esperança Garcia: Símbolo de Resistência na Luta pelo Direito”, fruto da pesquisa realizada pela Comissão da Verdade da Escravidão Negra da OAB/PI, composta por juristas e historiadores, foi publicado em 1 de fevereiro de 2017, em Teresina (PI).
Entre as principais conclusões apontadas está o fato de que, ao escrever a carta, Esperança Garcia se reconhece e atua como membro de uma comunidade política, pedindo aquilo que lhe era de direito segundo ordenamento jurídico da época.
Os pesquisadores apontam também que Esperança tinha consciência do seu mundo e também dos limites da escravidão. Ela utilizou as ações religiosas (como o batismo e a confissão) como argumentos estratégicos para sensibilizar seus superiores. O Dossiê foi essencial para o reconhecimento pelo Conselho Seccional da OAB/PI.