Inclusão Social: Derramando igualdade de gênero

Águas de Teresina aposta em mão de obra feminina.

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Com a proposta de diminuir a diferença entre homens e mulheres no mercado de trabalho, a Águas de Teresina, que opera como concessionária hídrica da capital, aposta na competência da mão de obra feminina. Nos últimos anos, a força feminina tem tomado a empresa, que hoje tem 30% do efetivo composto por mulheres.

A mulherada toma conta, inclusive, dos cargos de liderança. Cerca de um terço destes cargos é composto por funcionárias do sexo feminino. O combate ao machismo no ambiente de trabalho levou a empresa a receber o Selo Dona Saló de Empresa Promotora da Igualdade de Gênero.

Crédito: Raissa Morais

O selo vem em razão de ações como esta, além do programa Respeito Dá o Tom, que tem como objetivo promover a equidade no acesso à empresa, além da questão do crescimento profissional aos profissionais que se autodeclaram pretos ou pardos. O enfrentamento ao racismo, preconceitos e discriminações são debatidos através de rodas de conversa e ações realizadas periodicamente.

Diante deste processo, surge Olivania Sousa, leiturista. No caso, a única leiturista mulher de uma empresa tão grande. Pode parecer algo pequeno, mas o fato de uma mulher trabalhar em uma área de operação que exige trabalho braçal já representa muito para a questão do feminismo. Em outras palavras, isso mostra que elas podem mesmo ser o que quiserem.

Crédito: Raissa Morais

“Meu pai trabalhou como leiturista no estado do Maranhão e por muito tempo tive a curiosidade de saber como era esse trabalho. Vim trabalhar na Águas de Teresina no setor de call center, inicialmente. Quando surgiu uma vaga para leiturista eu fiquei interessada e fiz a seleção. Encontrei apoio na empresa, porque ela dá essa oportunidade aos colaboradores e fui bem recebida pela equipe”, explica Olivania.

A funcionária tem consciência que o cargo que ocupa é um bom exemplo do poder das mulheres em realizar qualquer ofício. “Trabalhar na leitura é um trabalho legal e fácil e eu conseguir chegar a essa função mostra que ela não é somente de homens. Mulher também e podemos mostrar que não somos o sexo frágil, como muitos dizem. Estou muito feliz com a minha nova função”, acrescenta.

Crédito: Raissa Morais

Mulheres que comandam no jurídico

Para Thaís Miranda, gerente jurídica da Águas de Teresina, as mulheres acabam se destacando. No setor onde ela é líder, são sete colaboradores, sendo seis mulheres e um único homem. A competência delas é imprescindível para que o setor trabalhe de forma eficiente.

“De um modo geral, as mulheres se destacam por serem mais organizadas, proativas. Elas são multitarefas. Conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo. Há uma sensibilidade no desempenho da função. Elas são mais criativas na busca por soluções. Acredito que é um diferencial competitivo”, avalia Thais.

Crédito: Raissa Morais

O respeito é a palavra-chave para um ambiente de trabalho saudável. “Nosso único colaborador do sexo masculino lida bem com a diferença. A relação deles é pautada pela ética e respeito. Na empresa, nós não vivenciamos o machismo. Temos desenvolvido um trabalho fantástico para incentivar as mulheres no setor, além de cargos de liderança. Notamos um avanço significativo que se materializa na empresa”, aponta a gerente jurídica.

Thaís explica que ações como as que são desenvolvidas na Águas de Teresina têm papel fundamental no respeito às diferenças. “O Respeito Dá O Tom tem como pauta principal o combate à desigualdade de gênero. Temos ações afirmativas, que é um ganho em prol das minorias dos quais também estamos encaixada, como mulheres”, conta.

Caitano Salitre, o único homem da equipe, veio de um trabalho de 10 anos para o exército. A experiência em um mundo predominantemente masculino caiu de paraquedas no grupo de mulheres. “Eu trabalhava em grupos mistos ou efetivamente masculinos. Então pesquisei na internet como trabalhar com mulheres. Fiquei um pouco assustado, porque nunca havia trabalhado só com mulheres. Mas para mim é o melhor ambiente de trabalho que já tive. Trabalhamos com exigências, mas nossa líder sabe cobrar. Sensibilidade é a palavra”, reconhece.

Crédito: Raissa Morais

A força da mulher negra em busca de prejuízos históricos

O setor de recursos humanos da Águas de Teresina leva em consideração a questão de gênero e cor no momento da seleção. “Todos os nossos processos seletivos são 100% abertos, não importa o sexo, a cor ou a idade. Recebemos o currículo de todos para serem entrevistados, abrindo a oportunidade para todos. Não temos diferenciação. Hoje o nosso público é formado, majoritariamente, por homens, por conta do serviço. Mas já estamos conseguindo um grande número de mulheres participando”, explica Bárbara Melo, coordenadora de RH.

Bárbara conta que as mulheres correm atrás de um “prejuízo histórico”. “Somos uma empresa que o serviço é mais braçal. Mas temos mulher em campo fazendo leitura, fiscalização. Estamos mesclando bastante. Além disso, temos mulheres líderes. Nós incentivamos o crescimento. E elas mesmo querem se mostrar. A mulher deixou de ser dona de casa e correu atrás do atraso. Elas buscam, estudam, vão atrás. Elas estão dentro do mundo corporativo também”, completa.

A coordenadora de RH explica que as mulheres buscam a qualificação. “O maior aporte da Agea, além da segurança, é o conhecimento. A Agea tem uma academia corporativa que oferece 113 cursos profissionalizantes, além de cursos presenciais. Nós estamos em busca de crescimento profissional, e as mulheres também estão se destacando nisso”, pontua.

A questão racial também recebe atenção especial nas seleções da empresa. “A mão de obra negra sofreu preconceito durante muito tempo. Imagine a mulher negra? Temos um prejuízo histórico de mulheres negras, e estamos correndo atrás. Estamos quebrando isso. O programa Respeito dá o Tom valoriza a mão de obra negra”, revela Bárbara Melo.

A valorização da mulher negra é uma das principais preocupações. “Em Teresina estamos incluindo o movimento de valorização de mão de obra negra, sobretudo a mulher negra no mercado de trabalho. Nossa seleção valoriza isso. Nossa primeira leiturista mulher se candidatou cheia de dedos, mas hoje ela desempenha muito bem o papel dela”, finaliza.

Crédito: Raissa Morais

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