O atual Dalai Lama, líder religioso do Tibete e vencedor do Prêmio Nobel da Paz, enfrenta uma crise de imagem após um vídeo polêmico viralizar nas redes sociais. Nas imagens, o líder tibetano é visto puxando o rosto de um menino e beijando-o na boca, enquanto pede para que ele chupe sua língua. O vídeo causou indignação e revolta em muitas pessoas, levando a questionamentos sobre a imagem de líder religioso, defensor da paz, da compaixão e da solidariedade.
Além disso, o vídeo pode ter consequências geopolíticas significativas, que vão desde a escolha do sucessor do Dalai Lama até o avanço do poderio chinês na região. Pequim considera o atual Dalai Lama um líder separatista e, portanto, pode se aproveitar de eventuais críticas a ele para reforçar seu controle sobre o Tibete.
Em entrevista ao podcast O Assunto, Paulo Menechelli, pesquisador da diplomacia cultural da China e cofundador da rede Observa China, relatou críticas publicadas em jornais chineses, como o China Daily e o Global Times, considerados por alguns como porta-vozes do governo chinês, em relação ao atual Dalai Lama.
Segundo Menechelli, uma charge apresentava a imagem do Tio Sam ligando para um agente e pedindo para que o Dalai Lama só usasse a língua dele quando fosse do interesse dos EUA. Além disso, a China vem reforçando que o governo central chinês é quem promove a sucessão do Dalai Lama, que já é algo tradicional.
Marcelo Lins, apresentador e comentarista da Globonews, também em entrevista ao podcast O Assunto, explicou que Tenzin Gyatso foi designado para o posto de Dalai Lama em 1937, quando tinha 2 anos, e que seus seguidores acreditam que ele é a reencarnação de buda. São feitos testes e processos desde a infância para averiguar isso. As críticas chinesas, segundo Menechelli, fazem parte de uma narrativa de que o Dalai Lama fomenta a independência da região autônoma do Tibete por interesses estrangeiros.
"Aqueles que assistiram ao vídeo perceberam que há um pedido de um homem de quase 90 anos para que um jovem se aproxime e toque em sua língua. É inadmissível e condenável. Embora a equipe de comunicação do Dalai Lama tenha emitido um pedido de desculpas, isso pode não ser suficiente. Isso levanta a questão: ele ainda é capaz de liderar seus seguidores? Parece-me que não."
Vídeo de Dalai Lama: