A cena: duas adolescentes de 14 anos, frente a frente, dentro de um banheiro. Não há mais ninguém por perto. Uma delas está armada e dispara um tiro de pistola. A amiga é atingida na cabeça e morre na hora.
Esta semana, a polícia concluiu a investigação do assassinato de Isabele, em Cuiabá, e afirmou: o tiro não foi um acidente.
O Fantástico teve acesso a todos os depoimentos e perícias e mostra, com detalhes exclusivos, a história completa do que aconteceu na noite de 12 de julho, de acordo com a polícia. Um caso que revela como o acesso cada vez mais fácil a armas de fogo, no Brasil, pode ter consequências trágicas.
Uma casa cheia de armas, com nove adultos e adolescentes, versões e provas conflitantes. A morte da jovem Isabele, de 14 anos, em um condomínio de luxo de Cuiabá se transformou em um quebra-cabeças que desafiou a polícia. A conclusão da polícia: a adolescente que atirou em Isabele assumiu o risco de matar.
“Já que não tem confissões nem testemunhas, a prova técnica, a perícia criminal, ela é elementar, ela é indispensável para solução de qualquer investigação. Pois ela pode, ela deve, trazer as verdades dos fatos”, explica Eduardo Andraus Filho, Diretor de Medicina Legal.
Para a polícia, a adolescente que atirou deixou o estojo com uma das armas em cima de um móvel no quarto dela. Foi até o banheiro, e dentro dele, disparou contra Isabele a 20 ou 30 centímetros de distância, em uma altura de 1,44 centímetros. O tiro entrou no nariz e saiu pela nuca.
“Evidencia-se que a vítima estava de frente e apontando diretamente a arma para o rosto da vítima. A pessoa que efetuou o disparo estava dentro do banheiro. Isso pode ser comprovado, conforme deixa claro o laudo pericial, pelas manchas de sangue, pela posição de queda da vítima, e pelos elementos e marcas que foram deixados no local”, pontua o delegado.
Com base nas imagens das câmeras externas da casa, a polícia concluiu que entre a saída do namorado da adolescente até o disparo, passaram-se menos de dois minutos.
A adolescente que atirou, segundo a polícia, cometeu ato infracional análogo ao crime de homicídio doloso, quando há intenção ou assume o risco de matar. O namorado dela, ato infracional análogo ao porte ilegal de arma de fogo. Já o pai dela foi indiciado por quatro crimes: homicídio culposo, quando não há intenção de matar, posse ilegal de arma de arma de fogo, omissão de cautela na guarda de arma de fogo, e fraude processual.