Imagens do Metrô contradizem versão sobre suposto estupro

Universitária disse à Polícia que sofre de problemas psiquiátricos

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Imagens das câmeras de monitoramento do Metrô mostram inconsistências na versão da estudante de relações internacionais, de 18 anos, que alegou ter sido vítima de estupro dentro da estação Sacomã, Linha 2-Verde, do Metrô de São Paulo, na última quarta-feira (22).

O circuito interno da estação mostra a jovem chegando na bilheteria às 18h34. Ela usa uma bermuda, camiseta e mochila rosa. Além disso, não há filas no local, e ninguém se aproxima dela para pedir informações. No primeiro depoimento prestado dia 23, a universitária disse que teria sido abordada na fila pelo suposto agressor, que teria pedido informações. Ela também afirmou que usava uma calça “legging” – que teria sido rasgada pelo agressor durante o ataque.

 Outro ponto inconsistente revelado pelas imagens é o que a estudante disse ter feito antes de descer para a plataforma. No primeiro depoimento, ela contou aos policiais que teria permanecido por algum tempo na parte superior da estação para fazer anotações no caderno da faculdade. O suposto estupro teria ocorrido assim que ela acessou a plataforma.

Mas não é o que mostram as imagens do circuito de segurança. A jovem segue em direção à catraca às 18h35 e um minuto depois, ela aparece na escada rolante que leva até a plataforma de embarque. As imagens revelam que naquele horário a plataforma estava cheia. Logo na sequência, a universitária entra na primeira composição que encosta na estação.

Ou seja, em menos de dois minutos, segundo o depoimento dela, o suposto agressor a teria arrastado para embaixo de uma escada, a estuprado e ela ainda teria tido tempo de trocar a calça que teria sido rasgada durante o ataque. Outra contradição anotada pela Polícia é que no primeiro depoimento, ela disse ter embarcado no segundo trem que encostou na estação.

Não há imagens da jovem nas composições do metrô. Em entrevista, ela afirmou que foi seguida pelo suposto agressor até as proximidades da faculdade. As imagens mostram ela desembarcando sozinha na estação São Joaquim, às 19h02. No primeiro depoimento à Polícia, ela disse que foi seguida até a estação Ana Rosa, onde fez baldeação para a linha azul.

Investigação

A universitária já deu duas versões diferentes sobre o suposto crime. Na última segunda-feira (27), durante depoimento na 2ª Delegacia de Defesa da Mulher, na zona sul de São Paulo, a estudante alegou que sofre de problemas psiquiátricos, teria síndrome do pânico, que tomava remédios controlados e não soube explicar o que aconteceu, nem mesmo se havia sido de fato estuprada no Metrô.

Desde a semana passada, a Polícia já ouviu o depoimento de quatro colegas da universitária. Um deles é muito parecido com o retrato falado do suposto criminoso feito pela jovem. Fontes que tiveram acesso à investigação disseram que este homem já foi ouvido pela polícia e sua participação no suposto estupro foi descartada. Confrontada sobre a coincidência, a jovem não soube explicar as razões de ter descrito o colega.

No boletim de ocorrência, registrado na última quinta-feira (23), a universitária informou que teria recebido atendimento médico especializado em um hospital público de São Bernardo do Campo, no ABC. No entanto, até hoje ela ainda não entregou à Polícia, os laudos médicos do suposto abuso.

A Polícia tenta refazer os passos a jovem. No depoimento, ela alegou que estava na casa do namorado e pegou um carro de transporte por aplicativo até a porta da estação Sacomã, onde chegou às 17h. Porém, a universitária só entrou na estação às 18h32, conforme registraram as imagens.

Outro lado

A jovem sustenta a primeira versão alegando que a polícia analisou imagens de horários em que ela não esteve no metrô. Procurada por telefone na tarde desta quarta-feira, a jovem não atendeu às ligações e não respondeu as mensagens enviadas.

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