Durante muitos séculos a expectativa de vida não alcançava dados positivos. Hoje percebe-se um aumento significativo do prolongamento da vida entre a população mais idosa. Um exemplo disso, no Piauí, segundo os índices de Mortalidade do Brasil divulgados em dezembro de 2014 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida dos piauienses aumentou 11,9 anos (média 74,9 anos) nas últimas três décadas. Porém, à medida que a vida está mais longa, a população idosa carece de medidas públicas efetivas.
Os dados divulgados pelo IBGE trazem à tona as discussões sobre a população que mais cresce durante os anos: os idosos, ou para muitos, a melhor idade. Como qualquer cidadão, os idosos precisam de programas de saúde, mobilidade, segurança, porém essas ações não são consumadas.
Maria Helena Carvalho, 72 anos, aposentada, está inserida no mundo globalizado que pouco respeita o direito do idoso. Ela relata suas maiores dificuldades, dentre elas, a mobilidade urbana. “Quando vou entrar no ônibus, tem uns jovens sentados nas cadeiras preferenciais e fingem estar dormindo ou conversando com alguém, só para a gente não sentar”, afirma.
A Comissão de Defesa dos Direitos do Idoso da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) trabalha para inclusão do idoso, no Estado. Rejane Angelo, vice-presidente da Comissão, relata que o órgão busca o cumprimento do estatuto do idoso e também propor medidas públicas em favor dessa população. “O envelhecimento é uma conquista da comunidade, no entanto, diante da nossa realidade, infelizmente isso é visto como um problema. Embora nós tenhamos uma lei, ela por si só não resolve essa problemática que envolve os idosos. Por isso, precisamos de políticas públicas eficazes, no sentido de garantir um envelhecimento com dignidade”, conta.
Segundo a vice-presidente, Teresina é contemplada com cinco abrigos de longa permanência, além de instituições especializadas para o idoso, entretanto, o atendimento ainda é insuficiente, “Temos a delegacia especializada em atendimento ao idoso, mas a demanda que envolve a violência contra oessa parcela da população é alta. Além dos abrigos e algumas associações que fazem trabalhos direcionados a eles. Porém, para aquele idoso vulnerável e em situação de risco, ainda não temos instituição suficiente que possa atender, esse é um grande problema”, afirma.?
Ela aconselha que as medidas de inclusão devam ser realizadas de forma preventiva, pois o envelhecimento tráz imobilidades físicas, e muitas vezes, debilidade metal. “Bem antes disso, deveria haver a disponibilidade de geriatras, nutricionistas, programas de inclusão social, divulgação dos direitos dos idosos, campanhas direcionadas ao respeito pelas pessoas idosas‘’, relata.
As escolas também podem fazer sua parte inserindo a reeducação para crianças e adolescentes. “Podem ser trabalhados as disciplinas de direito e cidadania para aquele jovem conhecer e respeitar os diretos, dentre deles, os do idoso. Isso tudo a fim de evitar uma exclusão social e preconceito que existe em relação à pessoa idosa. Quando deveria ser o contrário, o idoso era para está inserido dentro da sociedade como uma pessoa ativa e não excluída”, afirma.
Sendo assim, as ações citadas, trarão uma ação coletiva do idoso no exercício de cidadania e um melhor aproveitamento na vida em todas as iniciativas. “Envelhecer, todos nós envelhecemos, ou pelo menos é isso que desejamos. Então, nós temos o direito de envelhecer com dignidade. Não adianta querer que o sistema caótico, como é o nosso, trate aquele idoso doente, pois a demanda é muito grande e nos deparamos todos os dias”, finaliza.
De acordo com os último dados divulgados pelo IBGE, os piauienses tem expectativa de vida com média de 70,5. Os homens são referentes à expectativa até 66,5 anos e as mulheres em 74,6 anos. Porém, os índices ainda são baixos comparados à média nacional, de 74, 9 anos, tendo o Piauí, entre os três últimos estados com menor expectativa de vida do Brasil. O estado fica a frente do Maranhão (69,7 anos) e Alagoas (70,4 anos).