Deficiente físico, catador junta R$ 28 mil em latinhas por 10 anos e acaba furtado por bandidos

Sonho de Marinô era comprar um imóvel para alugar e viver com a renda.

Homem que juntou R$ 28 mil catando latinhas é furtado | Tomás Baggio/G1
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A história de um homem simples que juntou R$ 28 mil e teve o dinheiro furtado vem comovendo moradores de Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio. Marinô Pascoal de Melo, de 45 anos, tinha o sonho de comprar um imóvel para alugar e viver com a renda. Ele é deficiente físico, mora com a mãe de 76 anos e economizou quase tudo o que ganhava como catador de latinhas e guardador de carros ao longo de 10 anos. O dinheiro ficava em uma mochila guardada no armário do quarto, mas ao procurar o dinheiro para pagar a quitinete de R$ 25 mil que decidiu comprar, Marinô teve a surpresa.

"Só achei a mochila vazia no armário. Falei para minha mãe que tinha sumido tudo e ela não acreditou. Revirou o quarto procurando, mas só achamos algumas moedas que estavam separadas. Levaram tudo que estava na mochila", afirma ele.

Marinô conta que juntava o dinheiro porque a mãe não gostava de vê-lo trabalhando a noite. "Ela vive me dizendo que, por causa da minha condição, é perigoso eu voltar para casa com dinheiro de madrugada, com o dia amanhecendo. Então eu fui juntando para comprar uma quitinete e viver com o aluguel", explica.

A mãe dele, Neide Pascoal de Melo, diz ter ficado supresa quando descobriu há poucos meses que o filho havia juntado a quantia. Segundo ela, o dinheiro chegou a ser usado no ano passado, quando a casa em que moram foi atingida por uma chuva de granizo.

"Quando teve a chuva de granizo no ano passado, ele perguntou quanto custava para trocar as telhas furadas e me deu R$ 1,5 mil na mão. Eu sabia que ele guardava algum dinheiro porque sempre via ele chegando com o dinheiro do trabalho e guardando. Mas não fazia ideia de quanto tinha. Eu só fui saber há pouco tempo, quando um neto meu precisou de dinheiro e o Marinô resolveu emprestar. Então eu fui no quarto com ele, separamos R$ 5 mil para emprestar e contamos o restante. Eram R$ 28 mil. Depois disso, não mexemos mais no dinheiro", conta a dona Neide.

Diante do questionamento inevitável sobre por que o dinheiro não ficava guardado em um banco, Marinô responde: "Eu nunca soube mexer com essas coisas, nunca tive nada no banco. Há um tempo atrás, a minha mãe chegou a abrir uma poupança para mim, mas eu dependia da minha irmã para ir lá colocar o dinheiro. Como ela estava sempre ocupada, acabei juntando aqui mesmo", conta ele.

Agora, diz Marinô, o jeito é continuar trabalhando. Após a notícia do roubo se espalhar, a casa em que Neide vive com três dos seis filhos está cada dia mais movimentada. A mãe de Marinô conta que os vizinhos se sensibilizaram com a história, e que a vontade de todos é que o ladrão seja encontrado. A ocorrência do furto foi registrada na 126ª DP (Cabo Frio), que vai investigar o caso.

"Olha, eu sei que recuperar o dinheiro é quase impossível. Para ser sincera, nem tenho muita esperança disso. A nossa esperança mesmo é que consigam descobrir quem fez essa maldade com a gente", diz, muito triste, Dona Neide.

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