O órgão responsável pelo combate ao doping no atletismo internacional anunciou hoje (27) uma suspensão de dois anos ao atual campeão mundial dos 100 metros rasos, o norte-americano Christian Coleman. O gancho começa a contar em 14 de maio de 2020, o que significa que ele fica impedido de competir até maio de 2022, perdendo os Jogos Olímpicos de Tóquio, que serão realizados no ano que vem. Ele ainda pode recorrer.
Coleman, homem mais rápido do mundo na atualidade, não teve resultado analítico adverso (não foi detectada substância proibida no seu organismo), mas não foi encontrado em três oportunidades para ser testado em um intervalo de um ano, o que também configura um descumprimento do código antidoping.
Desde a aposentadoria de Usain Bolt, em agosto de 2017, ninguém correu mais rápido que Coleman. Todos os cinco melhores resultados do mundo nesses três anos sem Bolt são dele, incluindo um tempo de 9s76 registrado no ano passado e que o torna o sexto mais rápido da história. Nos 60m rasos, prova equivalente em ambiente indoor, Coleman é não só o recordista mundial como o dono dos quatro melhores tempos da história.
O velocista se pronunciou sobre o caso em junho, quando ele recebeu suspensão provisória. Na ocasião, disse que não foi encontrado em casa no dia 9 de dezembro porque estava em shopping center próximo comprando presentes de natal. Segundo Coleman, os oficiais que aplicariam o teste não o ligaram para encontrá-lo, como teria acontecido outras vezes.
A AIU, instituto independente que atualmente é responsável pela área antidoping da World Athletics, disse na ocasião que uma ligação não só não é exigida nesse tipo de caso como não é recomendada. A AIU diz, inclusive, que solicita aos funcionários que não façam isso.
Atletas escolhidos por agências antidoping nacionais ou por federações internacionais têm que preencher de forma constante o que é conhecido internacionalmente como "whereabout". Eles precisam escolher uma hora no dia onde poderão sem encontrados em um endereço também informado por eles. Esse local pode ser o de treinamento, residência, hotel na cidade onde estão competindo, etc. O importante é que os oficiais possam encontrá-los para os testes-surpresa.
Coleman, que nega que tenha consumido substâncias dopantes, já quase ficou de fora do Mundial de Doha, no ano passado, exatamente por três falhas no whereabout. Mas, na ocasião, a agência antidoping dos Estados Unidos, responsável pelo terceiro e último teste para o qual ele não foi encontrado, entendeu que houve uma falha de procedimento e arquivou o caso. Desta vez não houve escapatória e a AIU aplicou a suspensão de dois anos.