Um homem foi detido após fazer o próprio cachorro, da raça pit bull, andar uma distância de quase 10 km, do bairro do Tabuleiro ao Mutange, em Maceió, e arrastar o animal quando ele não conseguiu mais se mover por estar muito cansado e com as patas feridas. O flagrante foi feito nesta sexta-feira (24). As informações são do G1.
O homem foi parado por testemunhas em frente à sede do Instituto do Meio Ambiente (IMA), que acionaram a Polícia Militar. O animal foi resgatado e está sob os cuidados de um médico veterinário. O caso chegou à Comissão de Bem Estar Animal da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Alagoas (OAB-AL), que deve decidir sobre o destino do animal. Funcionários do IMA já demonstraram interesse em adotá-lo.
As testemunhas contaram que uma mulher flagrou quando o homem passava a pé com o animal na frente da sede do instituto e fez com que ele parasse. A situação chamou a atenção de pessoas que estavam na frente da sede do IMA e o homem foi impedido de seguir com o animal ferido.
A polícia foi chamada e o homem foi detido e levado para uma delegacia para prestar esclarecimentos. Ele foi autuado por maus-tratos pela Polícia Civil e pelo IMA. Maltratar animais é crime e a punição é três meses a um ano de detenção e multa.
"Ele disse que ia levar o cachorro para a praia, que já era acostumado a fazer esse percurso e que dessa vez resolveu levar o cachorro. Quando estava a poucos metros do IMA, o cachorro não aguentou mais andar e ele começou a arrastar o cachorro, que estava com as patas esfoladas, machucadas, saindo sangue", contou a assessora do IMA, Clarice Maia.
O médico veterinário Rick Vieira, da empresa de consultoria Manefau, contou o que viu quando chegou ao local em que o cachorro estava.
"O pessoal sabe que eu sou veterinário e me abordou para falar do caso que o cachorro tinha sido trazido das imediações da Polícia Rodoviária Federal, no Tabuleiro, até o Mutange andando. O animal não estava conseguindo ficar em pé, no passeio estava um rastro de sangue, ainda está, inclusive, por conta das feridas", disse o veterinário.
"Ele [o cachorro] caminhou por um período muito grande e isso acabou lesionando as patas do cachorro. Ele está até agora sem conseguir ficar em pé. Além disso, ele estava com desconforto térmico muito grande. O pessoal do IMA colocou ele na sombra e ofereceu água junto com os outros populares", disse Rick Vieira.
O veterinário e os funcionários do IMA contaram que depois de ser impedido de sair com animal, o homem tentou levar o cachorro em um carro fretado e tentou também colocar o animal nas costas e fugir.
"Eu conversei com a doutora Rosana, da Comissão de Bem Estar Animal, e o animal está sob minha responsabilidade até se restabelecer", contou o médico veterinário.
A presidente da Comissão do Bem Estar Animal, Rosana Jambo, disse que o animal tem sinais de conchectomia, que é o corte de orelhas feito por razões estéticas, prática que é proibida desde 2012. O Conselho de Medicina Veterinária proíbe o corte de orelha e de cauda e a eliminação de cordas vocais.
"O proprietário vai ter que dizer também quem é que realizou o procedimento, porque isso envolve também um profissional, provavelmente, de veterinária, porque também é outro sinal de maus-tratos. Vamos saber quem fez a mutilação no animal, se foi o agressor, se foi um veterinário", explicou Rosana Jambo.