Torquato Pereira de Araújo, neto (era assim mesmo que grafava seu nome), suicidou-se com o gás do banheiro em seu apartamento no Rio há exatos 40 anos.
Morria ali, aos 28 anos completados na véspera, o jovem de Teresina que, com arguta inteligência, transava todas, da formatação de um movimento estético-cultural, passando pela música e pelo jornalismo, até desaguar no cinema udigrúdi.
Manteve íntimo interesse pelo cinema marginal, atuando como ator e produzindo filmes. Flertara antes com o cinema novo, roteirizando e trabalhando na produção de "Barravento" (1962), filme de Glauber Rocha.
Formou com Caetano Veloso e Gilberto Gil a santíssima trindade do tropicalismo. Cabeça pensante do movimento, parecia ter mais consciência do que estava acontecendo na música popular brasileira -não por acaso, também foi crítico musical.
Toninho Vaz, na biografia de Torquato "Pra Mim Chega" (Casa Amarela, 2005), diz: "De todos os tropicalistas, Torquato era o menos conhecido. Sua importância para o movimento está numa razão inversa à sua popularidade, pois ele foi um tropicalista de primeira hora, junto com Caetano e Gil. Muito desse anonimato, entretanto, se deve a ele mesmo, que, como bem disse Augusto de Campos, deu as costas ao sol".