O advogado de Guilherme Fontes, obrigado pela Justiça a devolver à Ancine (Agência Nacional do Cinema) R$ 66,3 milhões referentes a produção do filme "Chatô", que nunca foi lançado, afirmou nesta sexta (28) que o ator e diretor não poderá arcar com a quantia. "Não há a menor possibilidade de ele responder pela dívida alardeada", afirmou Alberto Daudt de Oliveira.
Segundo Daudt, o montante captado, cerca de R$ 8,6 milhões, foi inteiramente utilizado na produção do longa.
Além da devolução decretada pelo TCU (Tribunal de Contas da União), Fontes terá de pagar duas multas no valor de R$ 2,5 milhões cada. Uma como pessoa física, e outra destinada à sua produtora, a Guilherme Fontes Filmes Ltda., o que totaliza um débito de mais de R$ 71 milhões. As informações são da assessoria de imprensa do tribunal. O TCU informou ainda, que não cabe recurso à decisão do relator do processo, o ministro Aroldo Cedraz.
Caso o ator não pague o que deve, parte do processo será enviada à AGU (Advocacia Geral da União) e a outra parte à Ancine (Agência Nacional de Cinema). Os dois órgãos, então, ficarão responsáveis de encaminhar o material à Justiça para efetuar a cobrança judicial.
Para pagar esse montante, o filme "Chatô" teria de arrecadar pelo menos 70% da bilheteria de "Tropa de Elite 2", que mantém o recorde de arrecadação do cinema nacional: R$ 104 milhões; ou 41% a mais que o segundo colocado neste ranking, a comédia "Se Eu Fosse Você 2", que arrecadou R$ 50,5 milhões.
Livro
Ainda na nota enviada à reportagem do site, o advogado de Fontes informa que o ator foi impedido de continuar a captação para concluir o filme devido a uma denúncia anônima, que originou a abertura de inquérito para investigar os supostos desvios da verba de produção do longa. Disse ainda que o ator e diretor utilizou recursos próprios.
Ele confirma ainda a declaração de que Guilherme Fontes vai realizar algumas exibições de "Chatô" até o fim deste ano, além de lançar um livro contando toda a história por trás desta produção. "Após apresentado o filme, e apresentado em livro toda a verdadeira história por trás dos panos, a opinião pública, a mídia e as autoridades verão a injustiça perpetrada contra o Guilherme."
Histórico
Guilherme Fontes começou a captar recursos para o filme "Chatô", que conta a história de Assis Chateaubriand, magnata das comunicações no Brasil, em 1995. Durante este período, Guilherme Fontes sofreu acusações de desvio de dinheiro e o filme nunca saiu.
No começo deste ano, o ator deu uma entrevista à revista "Status" dizendo que pretendia lançar o filme ainda em 2014. "Filmei em 1999, 2002 e 2004. Nunca houve uma filmagem cancelada, nada que denotasse falta de profissionalismo. Ele está com 1 hora e 53 minutos. Acabou", disse à revista.
Ainda segundo seu relato, o longa, baseado no livro de Fernando Morais, teve 80% de seu conteúdo filmado em três anos. Os outros 20% levaram mais 14 anos. "Está faltando um dinheirinho para fazer a trilha sonora e a computação gráfica".
Na mesma entrevista, o ator negou o desvio de dinheiro: "Eu durmo tranquilo porque nunca desviei um real. Essas duas condenações são uma piada. O que captei de fato foram R$ 12 milhões. Recebi R$ 8,6 milhões, que investi integralmente no projeto. O Brasil é fake! É uma história complicada."
"Vou estrear este ano. E vai ser uma coisa muito louca. As pessoas vão se surpreender. Está quase, está quase", continuou, completando também que negocia direitos de transmissão na televisão com a Rede Globo.
O elenco de "Chatô" tem o ator Marco Ricca, no papel título, além de Andrea Beltrão, Paulo Betti, Leandra Leal, Eliane Giardini e Gabriel Braga Nunes. Atualmente, Fontes está no ar como o personagem Mário, na novela das 18h da Globo "Boogie Oogie".