Não é fácil lidar com acidentes e suas consequências, principalmente quando resultam em lesões graves e/ou levam à morte. Por isso, com o intuído de acolher e apoiar famílias vítimas de acidentes de trabalho e consumo, Viviane Amorim, dona de casa, e o advogado Raymsandreson Prudêncio, fundaram em outubro de 2019 a irmandade Mulheres Guerreiras de Fé, grupo que reúne profissionais e mulheres de todo Brasil com a missão de proporcionar um luto digno para as famílias por meio de assistência psicológica e financeira.
A ideia da irmandade surgiu após o falecimento de Romildo Santos, marido de Viviane. O homem foi vítima fatal de um acidente elétrico em setembro de 2019, na cidade de Abaetetuba, Pará. A partir das necessidades de sua família, Viviane e seu advogado Prudêncio, atual presidente do grupo, encontraram a oportunidade de ajudar outras mulheres que estavam passando pela mesma situação.
"Começamos com o grupo no Whatsapp depois de conversas com mais três mulheres que também perderam entes queridos. A intenção foi e é o acolhimento, pois sabemos o quanto é difícil esse momento de luto, e na maioria das vezes precisamos apenas de uma palavra de apoio de pessoas que estejam passando pela mesma experiência. Com o passar do tempo o doutor Prudêncio encaminhou outras mulheres e assim o nosso grupo foi crescendo com participantes de todo o Brasil", relatou a idealizadora.
Grupo Mulheres Guerreiras de Fé apoia famílias vítimas de acidentes de trabalho e consumo em todo o Brasil
Atualmente a irmandade Mulheres Guerreiras de Fé é composta por 57 integrantes que tiveram em suas famílias vítimas de acidentes de trabalho e consumo e 5 profissionais que dão o suporte psicológico e administrativo. Além do grupo no Whatsapp que serve como canal de interação 24 horas, todas as terças-feiras às 19h30 são realizadas reuniões online de forma bem didática com momento de oração e trocas de experiências. Nas sextas-feiras são disponibilizados atendimentos psicológicos individuais.
"O processo do luto nestas mulheres tem um fator complicador que é o acidente, a forma como aconteceu, como receberam a notícia. Elas relatam sobre o descaso das pessoas responsáveis em passar as informações. São mulheres simples que se sentem sem voz. Algumas injustificadas, ignoradas pelas empresas nas quais as vítimas trabalhavam. Vejo a importância do suporte de todos envolvidos neste acolhimento, por oferecer validação a essa voz, orientação no processo de organização em todos os âmbitos necessários após a perda do marido, provedor, pai dos seus filhos, único irmão, companheiro, amigo", disse Eunice Gonçalves, Psicóloga da irmandade.
Desde 2013, o advogado e presidente do grupo, Raymsandreson Prudêncio, começou atuar exclusivamente em casos de acidentes de trabalho e consumo. Em novembro de 2019, expandiu os seus atendimentos em todo o país após perceber a grande dificuldade enfrentada pelas famílias vítimas de acidentes. Com a perda do provedor da casa, os lares ficavam desassistidos e a partir disso, junto com Viviane viram a necessidade de ajudar de forma expressiva essas famílias.
"Nós criamos a irmandade Mulheres Guerreiras de Fé como forma de dar uma assistência mais completa, através do apoio psicológico e financeiro para essas famílias desassistidas. Percebemos que muitas mulheres estavam passando por dificuldades psicológicas, sem saberem lidar com a dor do luto, sem terem com quem conversar, porque só sabe quem passa pela mesma situação. Então baseado nessa premissa, resolvemos juntar essas pessoas que passavam pela mesma dor de perder um filho, marido, um ente querido e provedor do lar. Temos reuniões todas as terças com uma metodologia bem didática que instiga o diálogo, pois acreditamos na cura pela fala", afirmou o presidente.
Em 2020, Prudêncio lançou um livro baseado nas histórias das integrantes da irmandade Mulheres Guerreiras de Fé. Denominado por: Mais esperto que a dor: o mistério de encontrar alegria no sofrimento, o livro reúne de forma leve e engraçada, diálogos de mulheres que passaram e passam a dor da perda de alguém, com o objetivo de ajudar o leitor a se sentir melhor através da identificação e acolhimento.
"Este livro tem o propósito de ser um “desabafador”, ou seja, um instrumento para que o/a leitor/a que está sofrendo possa ter a sensação de estar conversando com alguém que o/a entenda e acolha, mesmo que de uma forma meio engraçada, mas sincera e amorosa. Eu acredito na cura pela fala: quando a boca fala, o coração sara”, relatou.
A irmandade Mulheres Guerreiras de Fé tem o seu próprio site (www.mulheresguerreirasdefe.org) e através do mesmo, mulheres de todo o Brasil podem entrar em contato para efetuação de cadastro e solicitação de atendimento. A irmandade também se encontra na rede social Instagram @mulheresguerreirasdefe2.