Os trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) em todo o Brasil planejavam indicativo de greve por tempo indeterminado, mas a determinação não afetou o serviço em Teresina. De acordo com o Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios, a reunião que aconteceu na noite de terça-feira (17), durante assembleia realizada pelo sindicato, optou por reorganizar as atividades do calendário para continuar mobilizando a classe até o período mais oportuno.
Segundo o secretário geral da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios, José Rodrigues, a greve foi deflagrada em alguns estados do Brasil por dois motivos: a suposta ameaça de privatização do Sistema de Correios e Telégrafos; e a redução progressiva de direitos trabalhistas dos funcionários da empresa. “Não concordamos com esta atitude dos Correios em entregar as partes rentáveis do órgão para as empresas privadas”, disse. Segundo ele, o órgão está passando por todo um processo de reestruturação sem que haja a participação dos trabalhadores. Além disso, há uma precarização dos serviços em muitas regiões do Estado.
Ainda de acordo com o secretário geral, uma das principais insatisfações dos trabalhadores está a aprovação de uma medida que passa a valer a partir de abril deste ano, em que o desconto salarial referente ao fundo de pensão sobe de 3,94% para 25,98%. Funcionários dos Correios apontam que a medida medida foi tomada para remediar um rombo de milhões de Reais no fundo previdenciário do órgão e agora querem que os trabalhadores paguem a conta.
O serviço previdenciário dos Correios é realizado por uma entidade fechada de previdência privada também conhecida como fundo de pensão. Ele se chama Postalis e, desde 1981 gerencia planos de benefícios de natureza previdenciária, complementares ao regime geral de previdência oficial. O Postalis é uma Entidade Fechada de Previdência Complementar criada pelos Correios para assegurar aos seus empregados e respectivos dependentes a concessão de benefícios adicionais aos do INSS e, dessa forma, promover o bem-estar social.
Um dos maiores fundos de pensão do país, o Postalis aplica recursos para bancar as aposentadorias de funcionários dos Correios. Entretanto, seu histórico não é dos melhores. Em 2014, apresentou um rombo de quase R$ 1 bilhão nas economias dos carteiros, resultado de investimentos furados e sob investigação em instituições financeiras que vieram a público através de escandalosas investigações.
“Nossa data-base para reajuste de salário é no mês de agosto, mas de já estamos convocando a categoria para as novas atitudes dos Correios, que estão entregando a parte rentável do órgão para as empresas privadas. Isto é um verdadeiro desrespeito e não podemos deixar acontecer. Continuaremos mobilizando a categoria”, finaliza José Rodrigues, secretário geral da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios.