Greve de coveiros deixa corpos à espera de enterro

Paralisação no serviço funerário atrapalha sepultamentos em toda a cidade.

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Uma greve inédita de coveiros, motoristas e funcionários do Serviço Funerário da Prefeitura de São Paulo deixou cadáveres em hospitais, velórios atrasados e corpos dentro de casa à espera de remoção ontem. "Não dói neles porque não é parente deles", criticava Verônica Aparecida Martins, no cemitério do Araçá. Ela esperava desde as 9h pela liberação do corpo do irmão. Não conseguiu enterrá-lo ontem e só deve fazer isso hoje.

A greve afetou o serviço nos 22 cemitérios públicos e, mesmo com o fim da paralisação, havia pelo menos 120 corpos na fila para serem enterrados. Isso pode causar transtornos na manhã de hoje, afirma a prefeitura. Segundo o sindicato dos servidores, 80% dos 1.366 funcionários pararam.

Com a suspensão da greve, a prefeitura espera normalizar o trabalho à tarde. O serviço funerário disse que tinha um plano de contingência montado e que o acionou assim que percebeu os transtornos. Faxineiros viraram coveiros e fiscais, motoristas. Em média, são feitos 290 enterros por dia na cidade. A prefeitura não divulgou quantos fez nem quantos foram cancelados ontem.

Hospitais mantiveram os cadáveres em necrotérios. Parentes cujos familiares morreram em casa tinham de aguardar a chegada de um carro funerário. A greve, marcada desde o dia 13, foi considerada ilegal pela Justiça -que impôs multa de R$ 60 mil ao sindicato por dia.

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