Um caso raro na medicina, que teve um final feliz, aconteceu no Pará. O olhar é de quem está descobrindo a vida, que já começou com uma história incrível pra contar.
Com sete meses de gravidez, Elizete procurou a Santa Casa de Belém porque estava com pressão alta. Ao fazer exames de pré-natal, a jovem surpreendeu os médicos: o bebê estava sendo gerado fora do útero, mas a ressonância só permitia saber que o feto se desenvolvera na região abdominal.
?Acreditava-se que poderia ser um útero didalfo, uma paciente com dois úteros. Mas o diagnóstico definitivo foi dado no momento da cirurgia, que é onde houve a surpresa. O feto encontrava-se dentro do ovário, no ovário direito da paciente?, conta Rômulo Muller, obstetra.
Elizete permaneceu internada, e após 37 semanas de gestação, Elias Gabriel veio ao mundo cheio de saúde. As gestações fora do útero ocorrem em 1% dos casos e são chamadas de ectópicas. Podem ser causadas, por exemplo, por doenças inflamatórias ou má formação do aparelho reprodutor.
Em vez de seguir para o útero, o óvulo fecundado percorre outro caminho. Em 95% dos casos, o embrião se desenvolve na tuba uterina, mas a gestação também pode ocorrer em outras partes da região abdominal.
A gravidez no ovário é considerada raríssima. Segundo os médicos, acontece um caso para cada dez mil partos. O que é ainda mais raro é a gestação ir adiante, porque geralmente os fetos não sobrevivem e a taxa de mortalidade entre as mães chega a ser 90 vezes maior do que em uma gestação normal.
Mas, apesar de tudo isso, Elizete e o pequeno Elias provam que existe esperança. O hospital recebeu a visita do guerreiro de dois meses de idade. ?Agora, depois de tudo o que passou, a sensação é de vitória, de agradecimento. Porque a gente ter sobrevivido, passando por tudo o que passou, mas no final a recompensa de ter meu filho e cuidar dele?, diz a mãe.