Em muitos espaços públicos de Teresina, o grafite tem embelezado paredes, muros, colunas e vários outros lugares que aceitam uma bela arte como esta. O grafite é cada vez mais presente na nossa sociedade e, diferente da pichação, possui desenhos mais bem elaborados e coloridos que não são atos de vandalismo. E como Teresina é uma cidade jovem que aceita as mais diversas formas de manifestações culturais da juventude, foi realizado entre os dias 15 e 31 de agosto, intervenções de grafite nos muros da cidade.
A ação faz parte do I Encontro Teresinense de Graffiti e teve como objetivo mobilizar grupos e levar a arte do grafite para as ruas de Teresina, conscientizando a população, a fim de mudar o pensamento da sociedade com relação ao grafite. Recentemente foi aprovada uma lei que reconhece o grafite como profissão e essas atividades contribuem mais ainda para despertar uma boa imagem do grafite na sociedade, já que muitos ainda o confunde com a pichação.
Segundo Gil BV, que comanda a CUFA (Central Única das Favelas) aqui em Teresina e um dos organizadores do encontro, o evento surpreendeu a todos e que o resultado foi mais do que o esperado. “Criamos uma galeria de grafite ao céu aberto e não vamos parar. O encontro acabou, mas as ações mais simples continuam, porque Teresina abriu os olhos e diferenciou a arte da pichação”, explica Gil.
Adriano Carlos Lustosa, 33 anos, é um dos grafiteiros que participaram deste encontro. Ele, que já tinha participado de um outro encontro, mas no nível desse, ainda não, garante que esta foi uma experiência única e maravilhosa, onde gerou recompensas que vão contribuir muito para o trabalho do artista que é grafiteiro há, somente, dois anos.
“Foi um evento de grande nível. Tinha bastante artista de fora, do Ceará, Pernambuco, Maranhão, Recife e outros. A maior recompensa foi essa troca de informações, de experiências. Aprendi novas técnicas, conheci novas pessoas e já até recebi convites para pintar em outros estados. Enriqueceu muito meu trabalho, foi tudo maravilhoso e eu gostei muito”, afirma Adriano que gosta de desenhar letras interagindo-as com personagens.
Ele assina seus desenhos como “Camelo”, seu apelido no mundo do grafite, ou apenas pelas letras “CML”. Para encerrar este I Encontro Teresinense de Graffiti, os grafiteiros de Teresina enfrentaram uma maratona de mais de 15 horas para espalhar cor, arte e criatividade pelo viaduto da Avenida Higino Cunha, na Zona Sul de Teresina. A mobilização teve início na madrugada do domingo (31). O acesso ao viaduto foi interditado durante todo o dia para garantir a segurança dos grafiteiros.
Gil BV ainda comenta que nesta ação do viaduto foram pintados 800 metros em único dia e que esta grafitagem encerrou o evento com chave de ouro. “Já fechamos um próximo encontro deste nível para o próximo ano. A grande sacada é continuar com tudo isso, porque esse ato artístico já é muito a cara da cidade. O viaduto deixou de ser um corredor de concreto e passou a ser um corredor de arte.”, acrescenta
Antes do trabalho no viaduto, os profissionais tiveram seminários e oficinas como objetivo discutir políticas públicas voltadas para o fortalecimento das expressões culturais e da identidade dos jovens que praticam cultura hip hop. A programação contou ainda com palestras, workshops, e oficinas de grafite, toy art e book, além de apresentações de hip hop entre outras atividades.
Diferença entre Grafite e Pichação
Ao contrário da pichação, o grafite é baseado em desenhos. Todas as letras e figuras utilizadas nas pinturas são pensadas, elaboradas, desenhadas e coloridas cuidadosamente, para que representem aquilo que o artista quer mostrar.
Algumas pessoas, porém, parecem não perceber a diferença entre os dois estilos de arte. É o caso da Lei 9.605, sancionada em 1998, que criminaliza pichação e grafite. A principal diferença entre os dois estilos de arte é que o grafite é baseado em figuras, enquanto a pichação é baseada em letras.
As duas artes, contudo, têm um contexto social parecido. Elas visam intervir na paisagem urbana, fazendo com que a população reflita sobre o que está sendo representado ali. Apesar de andarem sempre às margens da sociedade, o caminho dessas duas artes se diferenciou nos últimos anos.
Enquanto a pichação continua sendo discriminada, o grafite brasileiro ganha cada vez mais espaço, inclusive fora do país, onde nossos artistas são chamados para montarem diversas exposições. Hoje, o grafite brasileiro é considerado um dos melhores do mundo, se não o melhor.
Fotos: Victor Gabriel
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