Governo pagará tratamento de jovem que perdeu olho em ato

Juíza determinou que o Estado do Rio pague, em cinco dias, todo o tratamento da publicitária

Jovem cega em ato no Rio terá tratamento pago | Reprodução
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A juíza Alessandra Cristina Tufvesson determinou, na terça-feira, que o Estado do Rio pague, em cinco dias, todo o tratamento da publicitária Renata da Paz Ataíde, 26 anos, que perdeu o olho esquerdo durante as manifestações no Centro do Rio, informou, nesta quinta-feira, a coluna do jornalista Ancelmo Gois. Ainda segundo a coluna, o governador Sérgio Cabral informou que vai pagar o tratamento, sem recorrer da decisão judicial. Cabral pretende se encontrar com a jovem. A ação foi movida por Renata.

Renata se feriu na noite de 20 de julho, quando mais de 300 mil pessoas participaram de uma manifestação no Centro do Rio. Naquele dia, uma manifestação que por mais de duas horas se manteve pacífica repentinamente se descontrolou. Um grupo de vândalos atacou o prédio da prefeitura na Avenida Presidente Vargas e, depois, o da Assembleia Legislativa, na Rua Primeiro de Março. Sinalização de rua, pontos de ônibus e agências bancárias foram depredados. A Tropa de Choque da PM reagiu com balas de borracha, gás de pimenta e bombas de efeito moral. O clima foi tenso, as pessoas não sabiam para onde ir. E ali, perdida entre as ruelas do Centro, Renata perdeu o olho esquerdo após uma explosão.

Renata é de Belém, Pará. Mudou-se para o Rio no dia 27 de janeiro. Primeira experiência longe da casa materna. Enquanto faz uma pós-graduação em marketing digital na ESPM, busca emprego. E divide um agradável apartamento na Tijuca com um amigo e uma amiga. O carioca Jorge Pereira, de 27 anos, estudante de Engenharia Mecânica na Uerj, é um deles. Foram juntos, de metrô. Saltaram na Presidente Vargas pela Uruguaiana quando já estava próximo das 19h. Seguiram com o povo para a prefeitura. A multidão cantou o hino.

O clima ameno não se manteria por muito tempo. Quando já estavam no meio do caminho, começaram a ouvir de longe o barulho das explosões. Aí, o primeiro momento de pânico: pessoas correndo de volta. Ambos decidiram voltar. Foi também quando viram os primeiros vândalos depredando placas publicitárias.

Prótese: mais de R$ 100 mil

Passava das 20h quando, buscando condução para sair, foram parar na Rua Primeiro de Março. Não sabiam que, naquele momento, outro grupo de vândalos se encontrava no Palácio Tiradentes, poucas quadras adiante. E que, com eles, estava o Batalhão de Choque.

Renata e Jorge não lembram em que transversal entraram. Talvez Rua do Rosário, talvez do Ouvidor. À frente, estavam dois soldados do Choque. Atiraram em sua direção uma bomba escura que, ao cair, gerou muito barulho e um clarão. Os dois se desviaram, veio a segunda. Num primeiro momento, Renata achou que o clarão a cegara. Havia sangue em seu rosto. Algum tipo de fragmento, ainda desconhecido, já se instalara em seu globo ocular.

Foram também policiais militares que encaminharam Renata, em uma viatura, ao Hospital Souza Aguiar, onde ela passou por duas cirurgias. Uma reparadora do rosto, outra no olho. Já visitou cinco médicos, todos pessimistas. Provavelmente precisará de uma prótese do globo ocular. A conta sairá por mais de R$ 100 mil, e ela não tem seguro.

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