Garota afirma ter brigado com o amante após gravar vídeo de sexo

Delegada ouviu jovem novamente para “esclarecer dúvidas”, em Goiânia.

Garota afirma ter brigado com o amante após gravar vídeo de sexo | Reprodução/Facebook
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A jovem de 19 anos que teve vídeos íntimos divulgados em um aplicativo de celular foi ouvida novamente, nesta quinta-feira (10), pela delegada Ana Elisa Gomes, responsável pelo caso. Segundo a delegada, a estudante afirmou que brigou com o amante, suspeito de propagar as imagens, logo após a gravação onde ela aparece fazendo sinal de "OK". O gesto virou meme [termo usado para frases, imagens e vídeos que se disseminam na internet de forma viral].

Ela já havia prestado informações à polícia na última sexta-feira (4), quando registrou o boletim de ocorrência. No entanto, a delegada quis ouvir novamente a garota para "esclarecer algumas dúvidas". Por volta das 13h30 de quinta, a estudante compareceu à Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) e prestou esclarecimentos complementares.

"Ela conta que, no dia em que esses vídeos foram gravados, depois do ato sexual, os dois estavam no carro e iniciaram uma discussão por causa de uma foto no Instagram. O rapaz parou o carro e fez ela descer. Ela precisou de ligar para uma amiga para buscá-la", diz a delegada. O caso, segundo a garota, aconteceu no dia 2 de setembro. Depois disso, eles não teriam se encontrado mais e se falaram apenas por mensagens de celular.

Segundo a delegada, a garota está triste e com um visual totalmente diferente. "Eu quase não a reconheci. Mudar a aparência foi a forma que ele encontrou para se proteger", afirma Ana Elisa.

A jovem, que é estudante universitária e vendedora em uma loja de roupas em um shopping da capital, relatou em depoimento que, por causa da divulgação dos vídeos, não vai à aula desde a semana passada e foi afastada do trabalho temporariamente. "As pessoas ficavam tirando fotos na porta da loja, fazendo o sinal de "OK", e importunavam até as outras vendedoras", diz a delegada.

Intimação

O suspeito de divulgar os vídeos, um estudante de direito de 22 anos com quem ela teria um relacionamento extraconjugal, foi intimado e deve prestar depoimento na manhã desta sexta-feira (11). Ele negou ser o autor dos vídeos e da divulgação.

O pai do suspeito diz que o filho está sofrendo ameaças de morte e, por isso, teria enviado o celular para "uma perícia". O empresário de 47 anos, que não quis ser identificado, afirmou que o rapaz não sai de casa há dois dias. O homem também garantiu não é seu filho quem aparece nas imagens, tampouco teria sido ele quem propagou o material pela rede.

Os vídeos onde a jovem aparece fazendo sinal de "OK" durante ato sexual começaram a circular em um aplicativo de celular no fim da semana passada e virou meme nas redes sociais. O símbolo, inicialmente, virou piada nas redes, com montagens de políticos e celebridades fazendo o sinal.

Apoio

No entanto, após a repercussão do caso, internautas manifestaram apoio à garota difamada. Imagens de pessoas, sozinhas ou em grupos, fazendo o mesmo sinal de "OK", com a palavra "força" ganharam as redes sociais.

A polêmica também levantou o debate sobre a necessidade de tornar mais rígidas as leis de crimes cibernéticos. Vice-presidente da Comissão de Direito Digital da Ordem dos Advogados do Brasil ? Seção Goiás (OAB-GO), o advogado Rafael Maciel defende a criação de uma delegacia especializada na investigação de crimes cometidos em ambiente digital.

No ano passado, após fotos íntimas da atriz Carolina Dieckmann vazarem na internet, uma lei foi criada no país com o nome da artista. Mas o especialista explica que a lei não protege casos em que não há invasão de computadores. Para o advogado, a legislação não acompanhou as mudanças da sociedade.

?A maior parte das interações humanas são hoje realizadas em ambientes digitais e o ordenamento jurídico deve proteger os cidadãos de crimes e da propagação de conteúdos difamatórios e caluniosos. Esse tipo de conduta trazem transtornos sérios às vítimas?, argumenta Rafael Maciel.

De acordo com a delegada, o crime é caracterizado como difamação com base na Lei Maria da Penha, porque existiu uma relação de afeto entre vítima e autor. Se for condenado, o suspeito pode pegar pena de 3 meses a 1 ano de detenção.

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