O fundador da ONG Afroreggae, José Júnior, publicou no Facebook, no início da tarde desta quinta-feira (16), uma resposta às acusações de Terezinha Maria de Jesus, mãe do menino Eduardo de Jesus Ferreira, 10 anos, sobre declarações postadas por ele afirmando que o garoto, morto no Conjunto de Favelas do Alemão, Zona Norte do Rio, estava envolvido com o crime organizado. Segundo José Júnior, a dor da mãe do menino está sendo usada "para fazer ataques pessoais a mim, baseados na distorção do que escrevi", diz na postagem.
Na noite desta quarta, a doméstica Terezinha Maria de Jesus, 36 anos, mãe do menino Eduardo de Jesus Ferreira, afirmou que irá processar José Júnior. Ela disse ter ficado revoltada com declarações dele afirmando que o garoto estava envolvido com o crime. "Bandido é ele", afirmou.
Na postagem o fundador do Afroreggae, nega que tenha declarado que a criança merecia morrer. "Quem me conhece, sabe que eu nunca afirmaria que uma criança merece morrer. Assim como não acusaria, sem provas, que o menino estaria envolvido com o crime. Digo e repito: mesmo que ele estivesse ligado ao crime, não merecia ser vítima dessa violência! "
Terezinha deu está declaração na Divisão de Homicídios, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, para encerrar o depoimento sobre a morte do filho. Ela chegou à unidade policial, por volta das 20h30, acompanhada pelo marido e duas filhas, logo após voltarem do interior do Piauí, onde o garoto foi enterrado.
"Eu só vou falar com vocês uma coisa, que eu só quero mandar um recado para o José Junior, o líder do Afroreggae, que ele colocou na internet que o meu filho é bandido, que criança morta de 10 anos no Alemão é bandido. Eu quero dizer que bandido é ele. Meu filho não é bandido. Meu filho é uma criança que estudava, que tinha projeto na escola", disse Terezinha, destacando que irá processar José Júnior.
As declarações de Júnior foram postadas no Facebook, mas logo depois apagada após repercussão negativa. No texto ele começava dizendo que "Esse menino segundo informações era bandido. Provavelmente se fosse bandido poderia ter matado um policial se tivesse oportunidade".
Na mesma postagem, ele questiona o aumento da criminalidade no Rio. " A questão é quem está ganhando com essa guerra? Famílias inteiras sendo dilaceradas. Parte do efetivo do Complexo do Alemão e de outras favelas tem como mãe de obra meninos e meninas".
No final ele diz q a morte do menino Eduardo é inaceitável. "Soube agora que ele tinha 10 anos de idade. Inaceitável essa e qq morte. Q a indignação atinja a todas as pessoas de bem".
Terezinha de Jesus questionou o conteúdo da postagem. "Como é que ele bota umas coisas dessas na internet sem saber quem somos nós?. Meu filho é uma criança inocente que morreu inocentemente", enfatizou.
Na resposta publicada nesta quinta, José Júnior também afirma que existe um uso político das suas declarações. Ele ressalta o trabalho social que faz nas comunidades cariocas. "Como eu, uma pessoa que trabalha há mais de vinte anos com projetos e reintegração social, iria ser a favor da violência contra uma criança? Não me interessa se há um jogo político por trás dessa calúnia. Não entrarei nele. O que interessa nesse momento é respeitar a dor de uma mãe que acaba de perder seu filho".
Questionada se também irá processar o estado, Terezinha disse que, no momento, preferia não comentar a respeito. "Eu só quero mesmo mandar esse recado para o José Júnior."