Fundação contribui para construção da cidadania em Teresina

Atualmente, cerca de 160 pessoas entre crianças, jovens e adultos

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A Fundação Francisca Trindade, que homenageia a deputada falecida em 2003, foi criada a fim de contribuir com a cidadania das famílias carentes de Teresina.

Ela surgiu em 2007, a partir da necessidade de dar continuidade à luta pelos direitos das pessoas e famílias de baixa renda. Este era um compromisso defendido em vida pela parlamentar, que tinha uma convivência muito próxima com as pessoas mais humildes.

Mirla Trindade, presidente da fundação e irmã da deputada, afirma que a principal missão da instituição é a inclusão social atendendo através de ações sociais de cunho educacional, cultural e profissionalizante às pessoas mais humildes de Teresina.

“Essas ações têm o caráter de colaborar na cidadania dos menos favorecidos, além de ser uma ponte entre os mais carentes e o poder público para trazer mais benefícios, trabalhando na formação de cidadãos”, afirmou. Na instituição são oferecidos cursos gratuitos na área de informática, línguas, serigrafia, artesanato, gastronomia e dança.

“Essas pessoas são de baixa renda, alunos de escola pública, beneficiários de algum programa federal e esses cursos são para oportunizar essas pessoas que não têm condição de pagar por um curso desses.

Eles recebem um certificado que dão garantia para que eles atuem nas áreas em que foram capacitados”, declarou a presidente, acrescentando que atualmente a fundação atende cerca de 160 pessoas entre crianças, jovens e adultos.

A ONG conta com sócios colaboradores e efetivos que possibilitam a manutenção da fundação assim como o custeio das despesas. “Nós também trabalhamos com parcerias junto ao Governo do Estado e a Secretaria de Educação do Piauí”, acrescenta.

Mirla Trindade revela que o curso de balé tem se destacado nos últimos anos e recentemente recebeu professores concursados da Seduc para ministrar aulas e capacitar essas crianças e jovens.

“O projeto é uma luta de todos nós que fazemos a fundação, desde os voluntários, pais e alunos que estão conosco desde o início. Para nós, que estamos aqui no dia a dia, não tem gratificação maior do que testemunhar o crescimento pessoal de cada um dos nossos alunos.

As dificuldades são grandes, mas estamos conseguindo manter viva a memória e as ações da minha irmã. Entretanto, precisamos avançar mais e estamos em busca de parceiros para nos ajudar”, considerou.

Ela conta que todos os anos, os membros do balé da fundação fazem uma apresentação no Theatro 4 de Setembro durante as festividades de fim de ano.

Mãe e filha participam de cursos na fundação

A dona de casa Márcia Lima Costa, moradora da comunidade, conta que já tem certificado do curso de informática pela Fundação Francisca Trindade e que sua filha Maria Eduarda Borges, de 12 anos, já participa das aulas de balé há 6 anos.

Ela sempre acompanha a filha nas aulas e ajuda a instituição como voluntária. "Esse espaço é muito importante, pois o tempo que minha filha tinha para ficar livre e desocupada ela utiliza para vir às aulas de balé. Para todos nós, é muito gratificante, pois vemos que elas [as crianças e jovens] se dedicam, fazem apresentações", declarou.

Para a pequena bailarina, o esforço e dedicação são os principais impulsionadores para conseguir alcançar seus objetivos. "A gente se esforça bastante.

Eu estudo pela manhã e ainda faço aulas todos os dias com duração de duas horas durante a tarde, mas como gosto de participar, eu faço tudo com muito prazer e vontade de aprender", pontuou.

Experiência do balé que transforma outras vidas

A jovem Dayane Nayara, de 21 anos, já participa da ONG desde a sua fundação. Ela é uma ex-aluna do curso de balé e agora trabalha como voluntária na fundação.

“Quando comecei a frequentar as aulas de balé, eu tinha 14 anos, fui evoluindo e me aprimorando e desde o ano passado passei a atuar como professora voluntária. Para mim é muito satisfatório compartilhar meus conhecimentos, até porque eu também comecei assim como elas”, afirmou.

A professora de balé Aline Veloso, aprovada no concurso da Seduc e encaminhada para ministrar aulas na fundação, diz que participar do projeto como colaboradora na vida das alunas é uma grande responsabilidade e que na instituição possui grandes talentos, entretanto falta auxílio financeiro.

“Geralmente, as meninas de áreas periféricas são mais esforçadas e dedicadas e têm um potencial para se tornarem excelentes bailarinas. Mas, infelizmente, não temos patrocínio e fica muito complicado participar de competições e torneios.

Elas são muito dedicadas, não faltam às aulas só que não temos incentivo financeiro”, observou a bailarina profissional.

As aulas são ministradas de segunda a sexta-feira durante os turnos da manhã, tarde e noite na Fundação Francisca Trindade, na Avenida Prefeito Freitas Neto, no Bairro Mocambinho, na zona Norte de Teresina.

Morte comove população piauiense

No dia 25 de julho de 2013, a então deputada federal Francisca Trindade (PT) foi vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no momento em que discursava na Assembleia Legislativa do Piauí.

Ela foi transferida para São Paulo, mas dois dias depois os médicos atestaram a morte da parlamentar, aos 37 anos de idade. A perda comoveu todo Estado do Piauí e marcou o cenário político piauiense.

A carreira política de Francisca Trindade começou na Câmara Municipal de Teresina. Em 1992, ela chegou a assumir uma cadeira como suplente e no ano seguinte foi eleita.

A partir da data foi só ascensão. Em 1997, foi eleita na Assembleia Legislativa do Piauí, já em 2002 ocupou uma vaga na bancada piauiense da Câmara Federal. Em todos os casos foi sempre a primeira mulher negra a ocupar os cargos.

A deputada tinha como ideias e bandeiras de luta a concretização da cidadania, moradia, segurança pública, ciência e tecnologia, além da luta pela conquista de direitos do movimento negro e das minorias

Fotos: Luis Fernando Gonzaga

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