Vindos de Belém, o grupo de imigrantes acampou, inicialmente, na praça do Estádio Lindolfo Monteiro, região Centro-Norte de Teresina. O grupo de mais de 50 pessoas era composto por crianças, mulheres, homens e idosos da tribo Warao.
Com a ajuda da ONG Movimento Pela Paz na Periferia (MP3), os venezuelanos foram alojados no antigo Mercado do Peixe de Teresina, localizado no Piratinga do Poty Velho. A ONG “Eu Quero Ajudar”, a Pastoral de Rua Padre João Paulo e moradores do Poty Velho também prestaram solidariedade e estão contribuindo com mantimentos, mas não atende à demanda porque novas famílias estão chegando.
O abrigo é insalubre, quente e não tem a estrutura adequada para receberas famílias. Na tarde desta terça-feira, parte dos abrigados foram transferidos para outro espaço. A quantidade de crianças e mulheres é um fato para maior atenção. “Precisamos muito da contribuição da população, mais ainda do poder público municipal e estadual, pois é uma obrigação. Existe um protocolo de ajuda para os irmãos”, destaca o coordenador da ONG, Júnior do MP3. A prefeitura não vai gastar só do orçamento dela, existem recursos próprios para isso, basta buscar”, completa.
O fator burocrático, para inserir e alocar os venezuelanos em instituições é um dos
principais problemas. “Foram feitas reuniões com o Governo do estado e prefeitura e as ONGs, mas a burocracia emperra e atrapalha. Está tudo muito lento e quem está de fato ajudando são as instituições filantrópicas”, disse o coordenador Júnior MP3.
O Movimento Pela Paz na Periferia (MP3) reúne voluntários e recebem doações de alimentos e roupas “É uma realidade que nós temos que abraçar. Nós não podemos deixá-los em lugares insalubres e no meio da rua. Nós temos que ter uma política resolutiva de atendimento dos nossos irmãos”, disse.
Imigrantes pedem esmolas nos sinais
Com vestidos estampados, coloridos e largos e em sua maioria com crianças no colo, muitas venezuelanas ficam nos sinais e praças da capital pedindo dinheiro e comida. No pote, de Sofia Mendonça de 21 anos, há notas de dois reais e algumas moedas. Ela espera o sinal fechar e se aproxima dos carros e motos. Quando recebe alguma quantia, em troca, devolveu um sorriso. Ela é de Tucupita, região onde vive a maioria dos índios nativos Warao. “Não temos comida, não temos médicos, não temos dinheiro nem nada”, diz Sofia.
Do outro lado da avenida, outra mulher com uma criança da mesma idade no colo, recebe uma sacola com pães. Claudinei Oliveira dos Santos é motorista de aplicativo e se aproximou das mulheres “Eu passei e me comovi, é uma cena muita triste. Comprei um lanche e ofereci um dinheiro. Todos nós somos humanos, temos que ajudar. Eu sou da zona norte, eles estão abrigados no Poti Velho”, disse.
Saúde
A Fundação Municipal de Saúde (FMS) informou está acompanhando o estado de saúde de imigrantes venezuelanos que estão em Teresina. Na segunda-feira (27), foi feita uma ação de atualização da caderneta de vacinação dos abrigados. Ação foi realizada pela FMS, juntamente com a Diretoria de Vigilância em Saúde e a equipe da Unidade Básica de Saúde da região.
Crise
Por volta de 2013 a fome, miséria, doenças e confrontos se intensificaram na Venezuela, resultado de uma gestão que colaborou no agravamento da situação do país, governado por Nicolás Maduro. Milhares de venezuelanos estão recorrendo aos países vizinhos à procura de mínimas condições de vida e oportunidades de trabalho. É o estado de Roraima que recebe a maior quantidade pessoas, por conta da fronteira terrestre. Os venezuelanos enfrentam também dificuldades por conta da falta de políticas públicas de acolhimento de imigrantes.