Os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completam cinco anos hoje sem uma resposta sobre quem ordenou o crime. Marcelo Freixo, presidente da Embratur e ex-deputado federal, afirmou em entrevista ao UOL News que o novo comando da Polícia Federal dá esperanças de que o caso será, enfim, esclarecido.
"São cinco anos onde se fez tudo de errado em uma investigação. A esperança que tenho é a mudança que houve no país em relação ao Ministério da Justiça e, principalmente, à Polícia Federal. O grupo que está à frente da PF hoje é muito sério. É um crime contra a democracia, de motivação política. Por isso, precisa ser prioritariamente resolvido. Marcelo Freixo, presidente da Embratur e ex-deputado federal", Marcelo Freixo, presidente da Embratur e ex-deputado federal.
Freixo também criticou a forma como as investigações foram conduzidas, com diversas trocas de delegados. Essas mudanças atrapalharam o andamento das apurações e contribuíram de forma decisiva para a lentidão do processo, na visão do ex-deputado federal. Ele ainda destacou as dificuldades que a nova direção da PF terá para esclarecer tudo o que houve na noite do crime.
"O que aconteceu nessa investigação foi algo que não vi em lugar algum. Nada se compara ao que aconteceu a Marielle. Foram cinco delegados no caso. Cada troca é uma interrupção brutal. Houve uma mudança profunda e grave no Ministério Público estadual, responsável pelo inquérito. A esperança que tenho é em cima da Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro e da direção da PF, que terão muitas dificuldades. Depois de cinco anos, não há a velocidade das provas. Muita coisa precisa ser desvendada", disse.
Freixo: Fake news sobre Marielle começaram com o corpo dela ainda no carro
Freixo relembrou como soube da morte de Marielle e disse que chegou ao local do crime junto com a polícia. Além da cena chocante, ele relatou que, pouco depois, presenciou outro episódio que o surpreendeu, quando um rapaz lhe mostrou o celular.
"Achei estranho, mas olhei o telefone junto com o delegado. Havia uma mulher negra sentada no colo de um rapaz negro e dizia que 'Marielle era mulher de traficante'. A mulher da foto não era a Marielle e o rapaz não era traficante. Isso começou a circular com o corpo da Marielle dentro do carro. Houve uma produção de fake news imediatamente. É difícil crer que isso não estava pronto", declarou.
Ex-PGR: Federalização teria dado mais chances para resolver caso Marielle
Raquel Dodge, ex-procuradora geral da República, afirmou que, se o caso Marielle tivesse sido federalizado, as chances de resolução teriam aumentado. Ela ainda elogiou a postura do ministro da Justiça Flávio Dino, que disse ser 'prioridade máxima' do governo Lula desvendar o assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes.
"Acredito que sim. Percebi que ali se tratava de um crime contra a democracia. Havia sido assassinada uma parlamentar, defensora de direitos humanos e de minorias e atuante contra a milícia no Rio de Janeiro, que naquela ocasião estava sob intervenção federal na segurança pública por ineficiência na investigação de crimes violentos contra a população", afirmou.