As imagens são chocantes, quase assustadoras, mas a verdade é que retratam quase que literalmente aquilo que nós, enquanto seres humanos, fazemos diariamente com milhares de animais. A ideia da fotógrafa Anja Grundboeck, portanto, é realmente apontar, da maneira mais brutal e inclemente possível, o que de fato é e como se dá o incessante consumo de carne que cometemos diariamente.
Para tal, ela resolveu registrar uma ideia simples: fotografar os métodos de abate e cozimento de animais para a alimentação humana, mas mudando um pequeno detalhe: no lugar de bois, cordeiros ou galinhas, ela colocou seres humanos sendo abatidos e cozidos nas fotos.
Sem sequer entrar no terrível aspecto das consequências ambientais a partir da produção e alimentação de gado para a alimentação humana (responsável por grande parte do enorme consumo e desperdício de água e por boa parte dos desmatamentos no Brasil, por exemplo), as fotos de Anja apontam o contundente paradoxo, para dizer o mínimo, a respeito da maneira com que consumimos tais animais.
O ensaio foi ironicamente batizado de “Meat lovers”, ou Amantes da carne, e seu propósito é de fato levantar um debate críticos sobre os profundos efeitos da produção e consumo de carne. O trabalho pode ser visto ao som da canção Meat is Murder, dos Smiths, ou Carne é assassinato – lendo a letra, se tiver coragem, e a melhor definição estará lá.
Para além de tornar-se ou não um vegetariano, o fato é que a produção em massa, e os métodos de aprisionamento, alimentação e abate devem sim, no mínimo ser questionados e transformados em algo mais digno e menos doloroso. É a decisão que separa a civilização da barbárie, afinal, não é sequer preciso imaginar como se sentiria se fosse uma pessoa ali – basta olhar.