O hábito de ver fotografias para deficientes visuais não tem serventia nenhuma. A única solução é usar a descrição das fotos, mas aí já vira uma espécie de narrativa e não uma imagem, só quem levaria o mérito é quem descreveu e não quem tirou a foto. Esse foi o problema que uma fotógrafa gaúcha chamada Márcia Beal quis enfrentar.
A profissional que é especialista em fotografar bebês se viu chocada quando o casal Jorge e Carlise Vieira estavam a procura do seu trabalho, isso porque os dois são deficientes visuais. A emoção rapidamente tomou conta da fotógrafa, ao se dar conta de que eles simplesmente não poderiam fruir de seu trabalho – que aquele seria um registo para os outros, até mesmo para Natália no futuro, mas não para eles.
Comovida e determinada a oferecer algo mais para o casal, Márcia procurou uma dupla de artistas plásticos e com eles criou seu primeiro álbum em múltiplas dimensões, com texturas, textos em braile, impressão da foto em relevo para que pudesse ser sentida pela tato, materiais, tecidos e objetos utilizados na foto para também serem percebidos pelo toque, e até o cheirinho do bebê. O texto em braile de maneira geral descreve detalhes imperceptíveis, como a cor dos elementos na foto.