Somente nos 50 primeiros dias do ano, o Estado do Piauí já registrou sete casos de feminicídio, todos em municípios do interior do Estado. A partir desse cenário, a delegada Eugênia Villa Nogueira, subsecretária de Segurança Pública do Piauí, em parceria com a delegada Luana Alves, titular da Delegacia de Feminicídio, e o delegado Marcelo Leal, gerente de Polícia do Interior, montaram uma força-tarefa e vão visitar os municípios de , para investigar os crimes e prevenir outras ocorrências. A informação foi confirmada durante entrevista ao Programa Notícias da Boa, da Rádio Jornal Meio Norte (90,3 FM).
O caso mais recente de feminicídio no Piauí foi registrado na segunda-feira (18), no município de Regeneração (a 147 km de Teresina). Uma mulher, identificada como Juscilene Soares de Sousa, 36 anos, foi morta pelo marido, Janael Pereira da Silva, com uma paulada na cabeça. Depois do crime, ele cometeu suicídio.
“Nós resolvemos que precisamos ir nessas localidades para conversar com a comunidade, realizar mutirões, capacitação, vamos fazer diagnóstico das delegacias para verificar se estão recebendo denúncias das mulheres, porque nenhuma tinha ido para a delegacia registrar B.O e vamos verificar se havia um histórico de agressão colhendo depoimento de vizinhos, amigos e familiares”, afirmou Eugênia Villa.
O objetivo é entender por que essas mulheres que estão sendo violentadas não estão procurando a rede de apoio a essas mulheres. “O diagnóstico começa pelo dever de casa, então nosso objetivo é verificar onde estamos falhando. Nós queremos é que as mulheres cheguem até a delegacia como estão chegando em Teresina. Nós no Piauí não jogamos a toalha, então vamos atrás de descobrir como vamos estruturar a rede para receber essa mulher”, ressaltou.
O mutirão vai ainda avaliar a qualidade dos inquéritos que estão sendo produzidos pelas delegacias e o atendimento das mulheres, assim como difundir a utilização do aplicativo Salve Maria, que tem como objetivo combater a violência doméstica contra as mulheres.
Eugênia Villa, delegada responsável pelo aplicativo, vai ainda dialogar com a comunidade sobre a prevenção da violência na perspectiva de gênero. “Aonde não tiver o Salve Maria, nós temos que construir uma rede de proteção, da professora, da médica da cidade, da pessoa que possa ser a nossa agente social de segurança, então é um compromisso com a causa, então nós vamos, sim, até esses municípios colocar a mão na massa”, frisou.
Diferentemente do ano passado, quando a capital apresentou o maior número de feminicídios, todos os casos de 2019 ocorreram em cidades do interior. Os dados do Núcleo Central de Estatística e Análise Criminal da Secretaria de Segurança do Estado apontam que, em 2018, 55 mulheres foram assassinadas no Piauí. Do total, 25 sofreram feminicídio, o que corresponde ao percentual de 45.5% do total de homicídios.
PL quer permitir spray de pimenta e armas de eletrochoque para mulheres
As mulheres vão poder usar spray de pimenta e armas de eletrochoque, de acordo com o projeto de lei do deputado federal, Eduardo da Fonte (PP). Segundo o texto do projeto, o uso dos equipamentos é destinado apenas para maiores de 18 anos, para proteção pessoal.
De acordo com a proposta do deputado, cabe ao Governo Federal a emissão da autorização para a comercialização dos equipamentos. A subsecretária de Segurança Pública do Piauí, Eugênia Villa, considera o projeto como sendo de grande importância para as mulheres.
"Vejo, sobretudo, aqui no Piauí, no caso dos feminicídios, como um bom instrumento para vencer a força do homem sobre a mulher. Os feminicídios, que nós tivemos este ano, somente um foi por arma de fogo. Os demais foi por força física. Então, se eu tenho uma arma que eu posso evitar um mal maior, é claro que vou utilizá-la. E mais, quantas mulheres, que nós não sabemos, mas temos notícias crime, de que são estupradas na saída do trabalho, em locais ermos, que o homem não se utiliza de faca, nem de armas de fogo, mas somente do meio da esganadura para estuprar a mulher. E se ela tiver esses instrumentos, ela vai, com certeza, conseguir se livrar da violência. Vejo com bons olhos", afirmou Eugênia Villa.
A delegada disse ainda que, atualmente, apenas policiais estão autorizados a usar os equipamentos e que, como qualquer arma, mesmo não sendo letal, a pessoa que vai manusear precisa de treinamento.