A tragédia que vitimou uma criança após ser atropelada pelo veículo de transporte alternativo, no bairro Nova Teresina, levanta a discussão sobre a segurança desse meio de transporte. O menino de 11 anos estaria andando de bicicleta quando o acidente aconteceu.
Os alternativos, como são conhecidos, existem desde 2001 e atendem, atualmente, 15% do total de passageiros, o que corresponde a uma média de 20 mil pessoas utilizam o transporte diariamente. Entre esses passageiros, as reclamações são constantes. ?Às vezes eles parecem que estão desesperados: correm muito e colocam as pessoas dentro da van de qualquer jeito. Além disso, o estado de conservação é horrível?, critica o passageiro Antonio Adailton Lima.
Segundo o diretor de transporte público da Strans, Sebastião Ferraz, o objetivo do transporte alternativo é atender os bairros onde acesso dos ônibus é difícil, como as vias não pavimentadas ou ruas íngremes. Também funcionam onde a demanda não é suficiente para um veículo grande e estabelecem a ligação entre bairros de zonas opostas da cidade. ?Por isso, a superlotação e alta velocidade devido a concorrência pelos passageiros não deveria acontecer?, afirma o diretor.
A fiscalização até existe, mas ainda não consegue impedir a imprudência de alguns motoristas. ?Temos fiscais fixos e itinerantes. Os primeiros ficam nos terminais avaliando o cumprimento do quadro de horários e os outros atuam geralmente quando existem denúncias de carros que não estão seguindo os horários ou as rotas adequadas?, informa Sebastião Ferraz, incentivando os passageiros a denunciarem.
Os veículos que estiverem trafegando de forma irregular estão sujeitos a multas de R$ 200,00 a R$ 500,00. No caso do motorista que atropelou a criança, se a perícia identificar que ele foi o culpado, não haverá nenhuma penalidade específica pelo fato do homem estar dirigindo um transporte público. As punições serão de acordo com as leis de trânsito. ?Isso foi um acidente e o sistema dos alternativos não pode ser penalizado por causa disso?, opina Ferraz.
Antes de assumirem a profissão, os motoristas devem possuir o certificado de um curso de direção defensiva e relações humanas, realizado pelo Sest/Senat. A reciclagem desses profissionais só acontece a cada cinco anos, de acordo com Trajano Paulo, presidente do Sindicato dos Transportes Alternativos.