Filme protagonizado pelas mulheres privadas de liberdade na Penitenciária Feminina de Teresina será apresentado na Mostra Cinema e Direitos Humanos. O filme “A dor que mora em mim” é centrado na história de Rafaela Gregório, detenta que causou distúrbios pelas penitenciárias por onde passou e, hoje, faz parte do projeto de ressocialização pelo teatro Mulheres de Aço e de Flores.
A Mostra de Cinema e Direitos humanos foi criada em 2006 como uma das ações estratégicas da Secretaria Especial de Direitos Humanos para celebrar o aniversário da Declaração Universal de Direitos Humanos. A mostra foi expandida ao longo dos últimos 10 anos e, atualmente, ocorre em todas as capitais. Segundo Valdsom Braga, coordenador do projeto Mulheres de Aço e de Flores, a ideia do filme surgiu após a apresentação da peça teatral Cartas de Minha Vida, encenada publicamente pelas detentas.
O filme “A dor que moram em mim”, um longa-metragem de 70 minutos, conta com a participação de 82 reeducandas do projeto de teatro da Feminina mais atores convidados. “A preparação foi bem diferente da feita para a peça, já que são linguagens distintas, a preocupação de não olhar para a câmera, de falar normal, dentre outros aspectos”, explica o arte-educador Valdsom Braga.
Para a reeducanda Rafaela Gregório, o trabalho de ressocialização que vem sendo feito da Penitenciária Feminina tem dado certo. “Antes, eu era muito bagunceira, mas me encontrei através do teatro. Eu busquei e resgatei a Rafaela que tinha dentro de mim, que estava quase morta, e dei uma segunda chance para ela. Escolhi mudar através da arte”, relata.
Ainda de acordo com Valdsom, que é também diretor e produtor do filme, cada detenta que atua como atriz vive a própria história no filme e que o processo foi positivo para o trabalho de ressocialização desenvolvido na unidade. O longa conta a história de Rafaela a partir de sua chegada à Penitenciária Feminina, dos projetos dos quais ela faz parte e expressa o processo de mudança das reeducandas.
O projeto Mulheres de Aço e de Flores existe há mais de um ano e é desenvolvido pela Secretaria de Justiça do Estado e pela gerência da Penitenciária Feminina de Teresina. Para o secretário de Justiça, Daniel Oliveira, “o filme abre novas possibilidades para o desenvolvimento do processo de reintegração social no Piauí, fomentando o potencial artístico das reeducandas”.